sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Batismo dos Filhos dos Crentes


O Batismo dos Filhos dos Crentes


por


R.C. Sproul


Gênesis 17:1-14; Atos 2:38,39; Atos 16:25-34


Embora o batismo de crianças tenha sido uma prática importante no cristianismo histórico, sua validade tem sido solenemente desafiada por cristãos piedosos de várias denominações. A questão em torno do batismo de crianças baseia-se em vários aspectos. O Novo Testamento não ordena explicitamente que as crianças sejam batizadas, nem explicitamente proíbe que sejam batizadas. O debate se concentra em questões que geram em torno do significado do batismo e do grau de continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.


A mais crucial objeção por parte daqueles que se opõem ao batismo de crianças é que o sacramento do batismo pertence aos membros da igreja, e que a igreja é uma companhia de crentes. Visto que as crianças são incapazes de exercer fé, não devem ser batizadas. Enfatiza-se também que dos batismos registrados no Novo Testamento não há nenhuma referência específica a crianças. Uma outra objeção é que a Antiga Aliança, embora não comunique a salvação por via biológica, pela linhagem de sangue, não obstante envolvia uma ênfase étnica à nação de Israel. A aliança era transmitida através dos laços familiares e nacionais. No Novo Testamento a aliança tornou-se mais abrangente, admitindo os gentios na comunidade da fé. Este sinal de descontinuidade estabelece uma diferença entre a circuncisão e o batismo.


Por outro lado, aqueles que são favoráveis ao batismo de crianças enfatizam seu paralelo com a circuncisão. Embora o batismo e a circuncisão não sejam idênticos, têm pontos cruciais em comum. Ambos são sinais da aliança e ambos são sinais da fé. No caso de Abraão, ele abraçou a fé depois de adulto e fez uma profissão de fé antes de ser circuncidado. Ele tinha fé antes de receber o sinal desta fé. Seu filho Isaque, por outro lado, recebeu o sinal da fé antes que tivesse a fé que o sinal simbolizava (como foi o caso de todos os outros filhos da aliança).


O ponto crucial é que no Antigo Testamento Deus ordenou que o sinal da fé fosse dado antes que a fé estivesse presente. Visto que esse era claramente o caso, seria um equívoco argumentar em princípio que é errado administrar um sinal de fé antes que a fé esteja presente.
É também importante observar que os relatos de batismos no Novo Testamento foram de adultos que anteriormente eram incrédulos. Pertenciam à primeira geração de cristãos. Além disso, sempre tem sido a regra que convertidos adultos (que não eram filhos de crentes em sua infância) devem primeiro fazer a profissão de fé antes de receberem o batismo, o qual é o sinal de sua fé.
Certa de um quarto dos batismos mencionados no Novo Testamento indica que famílias inteiras foram batizadas. Isso sugere fortemente, embora não o prove, que as crianças eram incluídas entre os que eram batizados. Visto que o Novo Testamento não exclui explicitamente as crianças do sinal da aliança (e foram incluídas por milhares de anos enquanto o sinal da aliança era a circuncisão), naturalmente podemos presumir que na igreja primitiva as crianças deviam receber o sinal da aliança.
A história testemunha a favor dessa suposição. A primeira menção direta ao batismo de criança aconteceu por volta da metade do segundo século. O que é digno de nota nessa referência é que ela pressupõe que o batismo de crianças era uma prática universal da igreja. Se o batismo de crianças não fosse uma prática na igreja do primeiro século, como e por que este afastamento da ortodoxia aconteceu tão rápido e de forma tão prevalecente? Não só a difusão foi rápida e universal, como também a literatura remanescente daquela época não reflete qualquer controvérsia concernente a esta questão.


Em geral, a Nova Aliança é mais inclusiva do que a Antiga Aliança. Aqueles que contestam a validade do batismo de crianças estão tornando a Nova Aliança menos inclusiva com relação às crianças, a despeito da ausência de qualquer proibição bíblica contra o batismo de crianças.


Sumário


1. O Novo Testamento não ordena nem proíbe explicitamente o batismo de crianças.


2. Os defensores do batismo de filhos de crentes apontam para a continuidade entre a circuncisão e o batismo como sinais da fé.


3. A maioria dos batismos registrados no Novo Testamento era de adultos convertidos, da primeira geração de cristãos, os quais, é claro, não poderiam ter sido batizados quando crianças.


4. O registro dos batismos no Novo Testamento inclui batismo de "famílias", as quais provavelmente incluíam as crianças.


5. A história da igreja testifica quanto à prática universal, sem controvérsias, do batismo de filhos de crentes no segundo século.

Cristais, há Poder?


Cristais, há poder?

Cada ser humano é dotado de duas vidas distintas, uma espiritual e a outra é a física.

A vida espiritual anseia por está próximo ao Criador, esta comunhão enche a sua existência de esperança, amor, submissão e mais uma série de qualidade que juntas, confere ao Servo de Deus (Cristão) uma vida equilibrada e cheia do Espírito Santo.

O amparo concedido por Deus, o faz andar sobre as dificuldades, numa perspectiva de vitória contínua.

A vida é completa!


A opção de servir a Deus é pessoal, o coração é despertado pelo Espírito de Deus, cabe ao homem dar atenção e prosseguir no caminho traçado por Deus e exposto na Bíblia ou não. Poucos atendem este chamado, a conseqüência é um sentimento de vazio e desesperança constante. Esta sensação alcança a todas as camadas da sociedade, indistintamente.


O "adversário", sempre, astuto e hábil não perde a oportunidade e expõe o seu poder, aos quatros cantos da terra. Mostra-se vivo e atuante, revestido de grande autoridade. A dois mil anos atrás, Paulo lança um alerta, e descreve a futura manifestação do inimigo como: “Anjo de luz e ministro de justiça” (2Co 11.14,15). Oh graças! A palavra de Deus se cumpre integralmente. É notório o agir do "inimigo" nos dias atuais, ele mostra-se como um verdadeiro “anjo de luz”, pregando o amor ao próximo; a necessidade de ser bom; a sinceridade; curas e dons, e demais qualidades de uma pessoa digna! Os seus seguidores, incontestáveis “ministros de justiça”, preocupados com o bem-estar da humanidade, praticam a caridade e clamam por justiça social.

Religiões e filosofias são encontradas aos milhares, algumas milenares, outras, relativamente novas; cada uma com um enfoque diferente (fé, cientifica, etc.), mas, convergindo numa realidade contrária aos princípios bíblicos.
Nesta mensagem o foco está sobre os CRISTAIS. Não tem aparência de religião, no entanto, é uma prática altamente espiritualizada. Ensina que os cristais possuem energias que representam o poder da natureza superior e emite vibrações que podem curar ou equilibrar a vida espiritual dos homens.


Os Cristais:
Nas culturas antigas do mundo, eram usados para curar e equilibrar o ser humano. Na Índia, Grécia e Egito, os cristais eram usados para energizar remédios e auxiliar na medicina, trazendo a cura para muitas pessoas. Os cristais são poderosas ferramentas que trazem o equilíbrio natural para as partes: físicas, psicológicas e espirituais. Eles representam o poder da natureza superior. Os cristais podem ser usados em conjunto com outras terapias, tendo uma afinidade especial com a terapia de cores. A energia que sai dos cristais, é uma composição dos elementos da natureza e dos raios vibracionais. Transmitem uma espécie de raio que é absorvido pelo corpo físico. Esses raios absorvidos pelo corpo desbloqueiam e alinham os chakras, que são os sete centros de energia que todos nós possuímos.
Os cristais podem ser usados nas práticas de meditações e visualizações. Pode-se invocar a presença de um cristal através dos pensamentos, apenas imaginando sua cor. Eles trazem energia vibracional de alta freqüência, amplificado e focalizado nas energias naturais do corpo e da mente.
Cada cristal tem uma função específica, de acordo com seu tamanho e coloração. Os cristais grandes, como, por exemplo, a Drusa por ser um quartzo de várias pontas, são excelentes para as limpezas dos ambientes.
Basicamente, os cristais são usados para amplificar e equilibrar as energias da pessoa que os está utilizando. A forma mais prática para despertar as energias dos cristais é colocar na mente uma intenção clara e simples, enquanto os segura ou olha para eles. Com a intenção em mente, os diversos cristais e pedras podem ser utilizados para cura: física, emocional, mental, espiritual, proteção, equilíbrio, expansão, manifestação e meditação. Em alguns casos, podem ser colocados sobre partes específicas do corpo, principalmente sobre os chakras.
Ao ler esta explicação sobre os cristais, chega-se à conclusão que o Senhor Deus é totalmente dispensável, que tudo é regido pela própria natureza. A visão holística (Teoria segundo a qual o homem é um todo indivisível, e que não pode ser explicado pelos seus distintos componentes (físico, psicológico ou psíquico), considerados separadamente.) da vida é claríssima.
O servo de Deus deve retirar de sua casa, comercio, escritório, etc. os cristais. Mesmo que estejam ali, apenas como parte da decoração. Lembre-se, são canais abertos utilizados pelos espíritos para reivindicar o domínio. A sua conservação em nossas casas e comércios, dissemina a falsa idéia de adesão a esta prática. O nosso testemunho, precisa ser visto e expresso não apenas no comportamento, mas, em todas as áreas da vida. Portanto, é inconcebível que após a leitura desta mensagem, estes ensinamentos não sejam assimilados.


O adversário de nossas almas disponibiliza ao homem uma variedade grande de caminhos; é possível encontrar filosofias e religiões que agradam a todos os gostos. Partindo de rituais simplíssimos à complexidade de religiões seculares. Os servos do Senhor Jesus precisam estar atentos, vigiando, para não se deixarem enganar pelo inimigo das almas em suas muitas manifestações.

Elias R. de Oliveira

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A Liberdade Humana

A Liberdade Humana
por
Rev. Gildásio Reis
“Deus dotou a vontade do homem de tal liberdade, que ele nem é forçado para o bem ou para o mal, nem a isso é determinado por qualquer necessidade absoluta da sua natureza” (Confissão de Fé de Westminster, Capítulo IX, seção 1).
Quando estudamos a doutrina do Homem, torna-se inevitável enfrentarmos a questão da liberdade. Os teólogos reformados, os chamados calvinistas, têm sido criticados como alguém que não crê que o homem seja livre. Isto não é verdade, e os membros da IPO que têm acompanhados os últimos estudos, já perceberam isso. Nós cremos que o homem tem liberdade sim, mas a questão que precisamos definir muito bem é: O que é ser livre? O que entendemos por liberdade?
Muita confusão já tem sido criada em torno do termo “livre”, e isto porque ele pode ser visto em vários sentidos.
A maioria dos nossos irmão na fé diz acreditar no “Livre Arbítrio” Contudo, a maioria não tem a menor idéia do que isto significa.
A vontade, faculdade que todo homem tem, tem sido exaltada como a fantástica capacidade que a alma tem para discutir sobre coisas, fatos da vida.
Mas as pessoas estão dizendo que o arbítrio (vontade) é livre, precisamos perguntar: De que a vontade é livre? De que ela é capaz?
Para provar que arbítrio (vontade) não é livre lanço mão de 2 proposições:
1. O Mito da Liberdade Circunstancial:
A vontade pode ser livre para planejar, mas não para executar. Quando se diz que a vontade é livre, obviamente não quer dizer que ela determina o curso da nossa vida.
Não escolhemos doença. pobreza ou dor; Não escolhemos nossa condição social, nossa cor, ou nossa inteligência.
Ninguém pode negar que o homem tem vontade, e que esta faculdade de escolher o que dizer, fazer, pensar, etc. ... tem nos frustrado bastante. Pensando em nossa liberdade circunstancial, podemos projetar um curso de ação, mas não podemos realizar o intento. Em outras palavras, nossa vontade tem a capacidade de tomar uma decisão, mas não o poder de realizar seu propósito. ( PV 16:9; Jr 10:23; Lc 12:18-21)
Sim. O homem pode escolher e planejar o que tiver vontade. Mas a sua vontade não é livre para realizar nada contrário à vontade de Deus.
2. O Mito da Liberdade Ética:
Diz-se que a vontade do homem é livre para decidir entre o bem e o mal. Mas é livre do que? É livre para escolher o que?
A vontade do homem é a sua capacidade de escolher entre alternativas. A sua vontade, de fato, decide qual a sua ação entre um certo número de opções.
Nenhum homem é compelido a agir contrário à sua vontade, nem forçado a dizer aquilo que não quer. Sua decisões não são formadas por uma força externa, mas por forças internas.
A vontade toma decisões, e estas decisões tomadas não estão livres de influências. O homem escolhe com base nos sentimentos, gostos, entendimentos, anseios, etc. Em outras palavras, a vontade não é livre do homem mesmo. Suas escolhas são feitas pelo seu próprio caráter. Sua vontade não é independente de sua natureza.
A vontade é inclinada àquilo que você sente, ama, deseja e conhece. Você sempre escolhe com base em sua disposição; de acordo com a condição do seu coração.
A Bíblia diz que nossa vontade não é livre, ao contrário, ela é escrava do coração - ( Gn 6:5; Rm 3:12; Jr 13:23 ).
A capacidade de escolha do coração do homem é livre para escolher qualquer coisa que o coração ditar; assim, não existe qualquer possibilidade de um homem escolher agradar a Deus sem que haja a prévia operação da Graça Divina. Note o texto bíblico: "Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro " I Jo 4:19
Se carne fresca e salada de tomate fossem colocadas diante de uma leão faminto, ele escolheria a carne. É a natureza que dita sua escolha (Jr. 13:23)
Por isto não existe livre arbítrio. O arbítrio humano, assim como toda a natureza humana, é inclinado só e continuamente para o mal. (Jr 13:23).
Não existe livre arbítrio a menos que Deus mude o coração e crie um novo coração em submissão e verdade, o homem não pode decidir por Jesus para Ter a vida a vida eterna. (Jo 3:7; Ez 11:19; 36:26; Atos 16:14).
A vontade não é livre. Pelo contrário, ela é escrava, escrava do coração pervertido; escrava da natureza (Jr. 17:9; 12:2; Mc 7:6,21).
Foi a vontade de escolher o fruto proibido que nos atirou na miséria. Só a vontade de Deus tem realmente liberdade, e se quiser pode dar vida. (Jo 1:12-13)
A ORIGEM DA VERDADEIRA LIBERDADE (posse non peccare)
Definição : Liberdade é a capacidade de fazer o que é agradável a Deus.
Quando Adão e Eva foram criados, tinham a capacidade de escolher como a verdadeira liberdade. Nas palavras de Agostinho, nossos primeiros pais eram "capazes de não pecar" (posse non peccare). Eles poderiam permanecer no estado de tentação que a serpente lhes impôs.
Adão tinha o Livre arbítrio, tinha a capacidade de fazer a escolha certa. Possuía a verdadeira liberdade. Contudo, ainda não era a liberdade perfeita; era verdadeira, porém não perfeita. Pois havia a possibilidade da queda .
Note as palavras da Confissão de Fé de Westminster, Capítulo IX, seção 2:
“O homem, em seu estado de inocência, tinha a liberdade e o poder de querer e fazer aquilo que é bom e agradável a Deus, mas mudavelmente , de sorte que pudesse decair dessa liberdade e poder”.
A VERDADEIRA LIBERDADE É PERDIDA (non posse non peccare)
Quando nossos primeiros pais ( Adão e Eva ) caíram em pecado, perderam aquela Liberdade que o Criador lhes havia dado. Perdeu não a capacidade de escolher, mas a verdadeira liberdade, ou seja, perdeu a capacidade de escolher aquilo que agrada a Deus.
Novamente fazemos menção do pensamento de Agostinho. Diz ele: podemos dizer que antes da queda, o homem era "capaz de não pecar". Após a queda é "não ser capaz de não pecar " ( non posse non peccare)
As Escrituras ensinam de maneira muito clara que a humanidade decaída perdeu a sua verdadeira liberdade. (João 8:34; Romanos 6:6,17-20 )
A VERDADEIRA LIBERDADE É RESTAURADA (posse non peccare)
No processo de redenção, o homem decaído começa a restaurar sua liberdade perdida na queda.
Agostinho chamou o estado do homem regenerado de "posse non peccare" - posso não pecar, porque a redenção significa libertação da "escravidão vontade".
Vamos dar um olhada em algumas passagens das Escrituras que mostram que a liberdade para fazer a vontade de Deus, é restaurada na regeneração, operada pelo Espírito Santo em nós. (Jo 8:34-36; Gl 5:1,12,13; II Co 3:17-18; Rm 6:4-6; 14-18; 22)
A verdadeira liberdade não é licença para pecar ; não significa fazer o que bem quiser. Segundo o apóstolo Pedro (I Pe 2:16), quem tem liberdade, usa-a para servir a Deus.
O exercício de nossa liberdade envolve nossa responsabilidade neste processo que chamamos de santificação.
A VERDADEIRA LIBERDADE APERFEIÇOADA (non posse peccare).
Em nosso processo de santificação, que é a verdadeira liberdade no processo de redenção, ainda podemos pecar, mas no estado glorificado, na vida por vir, nossa liberdade será aperfeiçoada. Então, como disse Agostinho; estaremos no estado “não posso pecar” (non posse peccare).
Quando estivermos com nossos corpos glorificados, já não seremos mais impedidos em obedecer a Deus com a perfeição que Ele deseja.
Cf. I Co 15:42-43 ; Ap 21:4
Esta glorificação não será apenas na alma, mas também no físico. A Imago Dei, (Imagem de Deus) antes ofuscada por causa do pecado de Adão, chegará a sua perfeição por ocasião da Segunda Vinda de Cristo, quando então, seremos ressuscitados e habitaremos para sempre com o Senhor (cf. I Tes. 4:13-18).
O estado final dos Santos Glorificados
Na nossa glorificação, seremos restaurados novamente á perfeita imagem de Deus. Em nosso estado glorificado, vamos poder refletir Deus em sua plenitude. Reporto-me ao Dr. Van Groningen, que afirmou que Deus ao nos criar á sua imagem e semelhança nos deu três mandatos que delineiam os deveres pactuais de Deus com o homem: São eles: os mandatos Espiritual, o Social e o Cultural.
A glorificação (a imagem aperfeiçoada) implica em que :
A. O Homem passará a ter um relacionamento perfeito com Deus. ( Mandato espiritual )
De acordo com as Escrituras, os remidos na glória vão poder desfrutar da comunhão plena com Deus; vão Ter uma visão de Deus na face de Cristo (Ap. 22:4); vão desfrutar da completa isenção do pecado; vão adorar plenamente o Deus verdadeiro (Ap. 19:6,7). Prestarão um genuíno serviço ao Rei das nações (Ap. 22:3). Tudo isso tinha sido perdido na Queda.
B. O homem passará a Ter um relacionamento perfeito com o próximo (Mandato Social)
No estado glorificado, ou seja, com a Imagem de Deus aperfeiçoada, os santos não mais vão se relacionar egoísticamente, não haverá ressentimentos, mentiras, odio ou manipulações. Amor e comunhão é o que marcará definitivamente o relacionamento entre todos os irmãos. As diferenças desaparecerão. Todos os membros desta Família estarão agora e para todo o sempre na Casa do Pai.
C. O homem passará a Ter um relacionamento perfeito com o cosmos. (Mandato Cultural ).
Paulo em Romanos 8:21 nos diz que “a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção. ..”. Não apenas o ser humano será redimido, mas também toda a criação. Não apenas o homem espera por um novo começo, mas também a criação o espera de forma expectante (Ef 8:19). A glória por vir também receberá uma criação redimida da corrupção do tempo presente. Em Isaías, Deus já prometeu criar novos céus e uma nova terra (vv. 22 e 23) para o seu povo se regozijar.
Se com a Queda, o homem perdeu o domínio sobre a criação, agora no estado de glória, ele vai exercer o domínio, o governo sobre a natureza. Vai herdar a terra. Não mais vai destruí-la como antes. Pelo contrário, o homem vai cumprir o mandato e governar sobre toda a terra, (Gênesis 1:27,28) agora redimida do cativeiro da corrupção.
Rev. Gildásio Reis, Pastor da Igreja Presbiteriana de Osasco, Psicanalista Clínico, Mestre em Teologia pelo centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper (Educação Cristã) e Professor de Teologia Pastoral no Seminário Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição”.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A Alma Católica dos Evangélicos no Brasil


posted by Augustus Nicodemus


Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano.

Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo ("cosmovisão"). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões esse ano de 2006 – mas há várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica.



É um fato que conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica numa mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto, por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados "em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus" (1Co 6.9-11) sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou à formar partidos na igreja em torno de Paulo , Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4). Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã.


Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?


1) O gosto por bispos e apóstolos – Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos auto-nomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.


2) A idéia que pastores são mediadores entre Deus e os homens – No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com algumas poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles, e que os pastores funcionam como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.


3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados – O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso entre setores evangélicos do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés... é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode se explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.



4) A separação entre sagrado e profano – No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades co-existentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Falta-nos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e frequentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.


5) Somente pecados sexuais são realmente graves – A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo romanismo católico vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais. A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito, ou que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?
O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anti-católicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica) o Brasil é um dos poucos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. O anti-catolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria, e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo. Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento e não somente os nossos pecados. Nossa cosmovisão precisa também de conversão (2Coríntios 10.4-5).


Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neo-catolicismo tardio que surge e cresce em nosso país onde até os evangélicos têm alma católica.
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sábado, 5 de julho de 2008

A Regeneração Precede a Fé


R.C. Sproul


Um dos momentos mais dramáticos em minha vida no tocante à formação da minha teologia ocorreu em uma sala de aula do seminário. Um de meus professores foi para o quadro-negro e escreveu estas palavras em letras bem destacadas: "A regeneração precede a fé."
Estas palavras foram um choque para o meu sistema. Eu tinha entrado no seminário crendo que a ação chave do homem para efetuar o seu renascimento era a fé. Eu pensava que precisávamos crer em Cristo primeiro para depois nascer de novo. Eu uso as palavras em ordem aqui por uma razão. Eu pensava em termos de passos que devem ser dados em certa seqüência. Eu tinha posto a fé no início. A minha ordem era algo como:


"Fé - renascimento - justificação"


Eu não tinha pensado no assunto com muita profundidade. Também não tinha escutado cuidadosamente as palavras de Jesus a Nicodemos. Presumi que embora eu fosse um pecador, uma pessoa nascida da carne e vivendo na carne, eu ainda tinha uma pequena ilha de retidão, um minúsculo depósito de poder espiritual restando dentro da minha alma que me permitisse responder ao Evangelho por mim mesmo. Talvez eu tenha sido confundido pelo ensino da igreja católica romana. Roma, e muitos outros ramos do cristianismo, sempre ensinou que a regeneração é pela graça; não pode acontecer sem a ajuda de Deus.


"O debate entre Roma e Lutero girou em torno deste único ponto. O debate era: A regeneração é um trabalho monergístico de Deus ou um trabalho de sinergístico que requer a cooperação entre o homem e Deus?"


Nenhum homem tem o poder de levantar-se da morte espiritual. A ajuda divina é necessária. Esta graça, de acordo com Roma, aparece na forma do que é chamado graça preveniente. "Preveniente" significa aquilo que vem de alguma outra coisa. Roma acrescenta a esta graça preveniente a exigência de que nós temos que “cooperar e consentir com isso” antes que ela possa tomar conta dos nossos corações.
Este conceito de cooperação é, na melhor hipótese, uma meia-verdade. Sim, a fé que nós exercitamos é nossa fé. Deus não executa o crer para nós. Quando eu respondo a Cristo, é minha resposta, minha fé, minha confiança que está sendo exercida. Porém, o problema é um pouco mais profundo. A pergunta ainda permanece: "Eu coopero com a graça de Deus antes de nascer de novo, ou a cooperação acontece depois?" Outro modo de fazer esta pergunta é perguntar se a regeneração é monergística ou sinergística. É operativa ou cooperativa? É eficaz ou dependente? Algumas destas palavras são termos teológicos que requerem alguma explicação adicional.
Uma obra monergística é uma obra produzida isoladamente, por uma pessoa. O prefixo mono significa um. A palavra erg refere-se a uma unidade de trabalho. Palavras como energia são construídas sobre esta raiz. Uma obra sinergística é aquela que envolve cooperação entre duas ou mais pessoas ou coisas. O prefixo sin - significa "junto com”. Estou elaborando esta distinção por uma razão. O debate entre Roma e Lutero girou em torno deste único ponto. O debate era: A regeneração é um trabalho monergístico de Deus ou um trabalho de sinergístico que requer a cooperação entre o homem e Deus? Quando meu professor escreveu que "A regeneração precede a fé" no quadro-negro, ele estava apoiando claramente a resposta monergística. Depois que uma pessoa é regenerada, é que ela coopera exercendo fé e confiança. Mas o primeiro passo é obra de Deus e de Deus somente.
A razão porque nós não cooperamos com a graça da regeneração antes que ela aja em nós e sobre nós é porque nós não temos como fazê-lo. Nós não temos como fazê-lo porque estamos espiritualmente mortos. Não temos como ajudar o Espírito santo na vivificação de nossas almas para a vida espiritual mais do que Lázaro podia ajudar a Jesus a elevá-lo dos mortos.


Enquanto eu relutava contra o argumento do Professor, fui pego de surpresa ao aprender que o ensino dele, que soava tão estranho, não era nenhuma novidade. Agostinho, Martinho Lutero, João Calvino, Jonathan Edwards, George Whitefield e até mesmo o grande teólogo medieval Tomás de Aquino ensinaram esta doutrina. Tomás de Aquino é o Doctor Angelicus da igreja católica romana 1. Durante séculos seu ensino teológico foi aceito como dogma oficial pela maioria dos católicos. Por isso ele era a última pessoa que eu esperava que sustentasse tal visão da regeneração. Entretanto Aquino insistia que a graça regeneradora é graça operativa, e não graça cooperativa. Aquino falou de graça preveniente, mas ele falou de uma graça que vem antes da fé, que é a regeneração.
Estes gigantes da história do cristianismo derivaram sua visão das Santas Escrituras. A frase chave na carta de Paulo aos Efésios é esta: "... e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos." (Ef. 2:5).

Aqui Paulo fixa o momento em que a regeneração acontece. Ela ocorre quando “nós estávamos mortos”. Com um único relâmpago de revelação apostólica todas as tentativas de conceder a iniciativa na regeneração ao homem são esmagadas. Portanto, homens mortos não cooperam com a graça. A menos que a regeneração aconteça primeiro, não há nenhuma possibilidade de fé.
Isso não é nada diferente do que Jesus disse a Nicodemos. A menos que um homem nasça de novo primeiro, ele não tem chance de ver ou de entrar no reino de Deus. Se acreditarmos que a fé precede a regeneração, então posicionamos o nosso pensamento e, portanto, a nós mesmos, em oposição direta não só aos gigantes da história cristã, mas também ao ensino de Paulo e até mesmo do nosso próprio Senhor.


"Com um único relâmpago de revelação apostólica todas as tentativas de conceder a iniciativa na regeneração ao homem são esmagadas."

Como está sua vida de oração?


D.M.Lloyd-Jones


Qual é o lugar da oração em sua vida? Que proeminência tem ela em nossas vidas? É uma pergunta que eu dirijo a todos. É necessário que ela atinja tanto o homem que é bem versado nas Escrituras e que tem um bom conhecimento de doutrina e teologia, quanto a qualquer outro. Que lugar a oração ocupa em nossas vidas e quão essencial ela é para nós? Será que temos percebido que sem ela desfalecemos?


Nossa condição definitiva como cristãos é testada pelo caráter da nossa vida de oração. Isso é mais importante que o conhecimento e o entendimento. Não pensem que eu estou diminuindo a importância do conhecimento. Tenho passado a maior parte da minha vida tentando mostrar a importância de se ter um bom conhecimento e entendimento da verdade. Isso é de importância vital. Só há uma coisa que é mais importante: a oração. O teste definitivo da minha compreensão do ensino bíblico é a quantidade de tempo que eu gasto em oração. Como a teologia é, no final das contas, conhecimento de Deus, quanto mais teologia eu conheço, mais ela deveria me guiar na busca desse conhecimento. Não se trata de conhecer sobre Ele, mas de conhecê-lO. O objetivo inteiro da salvação é me trazer a um conhecimento de Deus. Eu posso aqui falar de uma maneira acadêmica sobre regeneração, mas o que é, afinal, a vida eterna? É que eles possam conhecer a Ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste. Se todo o meu conhecimento não me conduz à oração, certamente há algo de errado em algum lugar. Espera-se que ele faça exatamente isso. O valor do conhecimento é que ele me dá uma tal compreensão do valor da oração, que eu passo a dedicar tempo a ela e a me deleitar com ela. Se meu conhecimento não produzir esses resultados em minha vida, há algo de errado e espúrio nele, ou então devo estar lidando com este conhecimento de uma maneira completamente equivocada.

Pragmatismo: Modernismo Reciclado?


John MacArthur


O pragmatismo é realmente uma séria ameaça?


Estou convencido de que o pragmatismo apresenta precisamente a mesma sutil ameaça para a igreja em nosso tempo que o modernismo representou há quase um século.
O Modernismo foi um movimento que abraçou a chamada alta crítica e a teologia liberal enquanto negava quase todos os aspectos sobrenaturais do Cristianismo. Mas o modernismo não se apresentou primeiramente como um ataque evidente à doutrina ortodoxa. Os modernistas mais antigos pareciam preocupados principalmente com a unidade interdenominacional. Eles estavam dispostos a subestimar a doutrina em prol daquela meta, porque eles acreditavam que a doutrina era inerentemente divisionista e que uma igreja fragmentada seria irrelevante nos tempos modernos. Para aumentar a relevância do Cristianismo, os modernistas procuraram sintetizar ensinos cristãos com os mais recentes insights da ciência, filosofia, e crítica literária.
"É freqüentemente esquecido que o alvo dos primeiros modernistas simplesmente era tornar a igreja mais "moderna", mais unificada, mais relevante, e mais aceitável para uma cética era moderna."
Modernistas viam a doutrina como um assunto secundário. Eles enfatizavam a fraternidade e a experiência e minimizavam as ênfases nas diferenças doutrinárias. Doutrina, eles acreditavam, deveria ser fluida e adaptável - certamente não alguma coisa pela qual valha e pena lutar. Em 1935 John Murray fez esta avaliação do modernista típico:
"O modernista muito freqüentemente orgulha-se na suposição de que ele se preocupa com a vida, com os princípios de conduta e com a colocação em prática dos princípios de Jesus em todas as áreas da vida: individual, social, eclesiástica, trabalhista e política. Seu slogan tem sido que o Cristianismo é vida, não doutrina, e ele pensa que a ortodoxia Cristão ou fundamentalista, como ele gosta de chamar, simplesmente está preocupada com a conservação e perpetuação de dogmas desgastados de convicção doutrinária, uma preocupação que faz da ortodoxia, na opinião dele, uma petrificação fria e inanimada do cristianismo. ["A Santidade da Lei Moral", Escritos Selecionados de John Murray 4 vols. (Edimburgo: Banner of Truth, 1976), 1:193.]
Quando os precursores do modernismo começaram a surgir no fim do século XIX, poucos cristãos ficaram preocupados. As controvérsias mais quentes naqueles dias eram reações relativamente pequenas contra homens como Charles Spurgeon - homens que estavam tentando advertir a igreja sobre a ameaça que pairava sobre ela. A maioria dos cristãos - particularmente líderes das igrejas - não estavam nem um pouco abertos para tais advertências. Afinal de contas, não era como se estranhos estivessem impondo ensinos novos na igreja; estas eram pessoas de dentro das denominações - e grandes estudiosos do assunto. Certamente eles não tinham nenhum plano para arruinar o núcleo da teologia ortodoxa ou atacar o próprio coração do cristianismo. Divisionismo e cisma pareciam perigos muito maiores que a apostasia.
Mas quaisquer que tenham sido os motivos dos modernistas no princípio, as idéias deles representaram uma ameaça séria à ortodoxia, como a história provou. O movimento gerou ensinos que dizimaram praticamente todas as principais denominações na primeira metade do século XX. Subestimando a importância da doutrina, o modernismo abriu a porta para o liberalismo teológico, o relativismo moral, e a acentuada incredulidade . A maioria dos evangélicos hoje tende a comparar a palavra "modernismo" com a negação completa da fé. É freqüentemente esquecido que o alvo dos primeiros modernistas simplesmente era tornar a igreja mais "moderna", mais unificada, mais relevante, e mais aceitável para uma cética era moderna.
"No entanto, se a história de igreja nos ensina alguma coisa, ela ensina que as agressões mais devastadoras contra a fé sempre começaram com erros sutis que surgem de dentro."
O alvo é o mesmo dos pragmatistas de hoje.
Como a igreja de cem anos atrás, nós moramos em um mundo de mudanças rápidas - grandes avanços na ciência, na tecnologia, na política mundial, e na educação. Como os irmãos daquela geração, os cristãos hoje estão abertos, até mesmo ansiosos, por mudanças na igreja. Como eles, nós ansiamos por unidade entre os crentes. E como eles, somos sensíveis à hostilidade de um mundo incrédulo.
Infelizmente, há pelo menos um outro paralelo entre a igreja de hoje e a igreja do fim do século dezenove: muitos cristãos parecem completamente inconscientes - se não pouco dispostos a enxergar - que sérios perigos ameaçam a igreja, vindo de dentro. No entanto, se a história de igreja nos ensina alguma coisa, ela ensina que as agressões mais devastadoras contra a fé sempre começaram com erros sutis que surgem de dentro.
Vivendo em uma era instável, a igreja não pode se dar ao luxo de ficar vacilando. Ministramos a pessoas desesperadas por respostas, e não podemos minimizar a importância da verdade ou atenuar o Evangelho. Se nos tornamos amigos do mundo, posicionamo-nos como inimigos de Deus. Se confiamos em dispositivos mundanos, automaticamente renunciamos ao poder do Espírito Santo.Essas verdades são repetidamente afirmadas na Bíblia: "Não sabeis que a amizade do mundo é inimizade com Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tg 4:4). "Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." (1 Jo. 2:15).
"Não há rei que se salve com a grandeza de um exército; não há valente que se livre pela muita força. O cavalo é vão para a segurança; não livra a ninguém com a sua grande força." (Ps. 33:16, 17). "Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, que se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, porque são muitos, e nos cavaleiros, porque são poderosíssimos, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor." (Is 31:1). "Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos." (Zc. 4:6).


O mundanismo ainda é errado?


Mundanismo é até mesmo raramente mencionado hoje, muito menos identificado pelo que realmente é. A própria palavra está começando a soar esquisita. Mundanismo é o pecado da pessoa permitir que seus apetites, ambições, ou conduta sejam moldados de acordo com valores terrestres. "Pois tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre." (1 Jo. 2:16, 17).Entretanto hoje nós vemos o extraordinário espetáculo dos programas de igreja projetados explicitamente para suprir o desejo carnal, apetites sensuais, e o orgulho humano; " a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida." Para alcançar esse apelo mundano, as atividades da igreja vão freqüentemente além do meramente frívolo. Durante vários anos um colega meu tem colecionado um "arquivo de horrores" com recortes que informam como igrejas estão empregando inovações para impedir que os cultos de adoração tornem-se tediosos. Na última meia década, algumas das maiores igrejas evangélicas dos Estados Unidos empregaram esquemas mundanos como comédias "pastelão", shows de variedades, exibições de luta livre, e até mesmo strip-tease simulado, para apimentar as suas reuniões de domingo. Nenhum tipo de grosseria, ao que parece, é ultrajante demais para ser trazido ao santuário. O entretenimento está rapidamente se tornando a liturgia da igreja pragmática.
"Pregar a Palavra e corajosamente confrontar o pecado são vistos como meios arcaicos, ineficazes de ganhar o mundo. Afinal de contas, essas coisas na verdade afugentam a maioria das pessoas."
Além disso, muitos na igreja acreditam que este é o único meio de alcançarmos o mundo. Se as multidões de sem-igreja não querem hinos tradicionais e pregação bíblica, dizem-nos, temos que lhes dar o que eles querem. Centenas de igrejas seguiram precisamente essa teoria, chegando ao ponto de promover pesquisas entre os incrédulos para aprender o que os levaria a comparecerem.
Sutilmente o alvo maior vem se tornando a freqüência à igreja e a aceitação por parte do mundo em vez de uma vida transformada. Pregar a Palavra e corajosamente confrontar o pecado são vistos como meios arcaicos, ineficazes de ganhar o mundo. Afinal de contas, essas coisas na verdade afugentam a maioria das pessoas. Por que não atraí-las ao aprisco oferecendo o que elas querem, criando um ambiente amigável, confortável, e suprindo exatamente aqueles desejos que são os mais prementes? Como se pudéssemos fazer com que eles aceitem Jesus tornando-O de alguma forma mais agradável ou fazendo a mensagem dEle menos ofensiva.
Esse tipo de pensamento provoca um grave desvio na missão da igreja. A Grande Comissão não é um manifesto de marketing. Evangelismo não requer vendedores, mas profetas. É a Palavra de Deus, não alguma sedução terrena, que planta a semente para o novo nascimento (1 Pe 1:23). Nós ganhamos nada mais que o desprazer de Deus se buscamos remover a ofensa da cruz (Gl 5:11).


Toda inovação é errada?


Por favor não entendam mal minha preocupação. Não é à inovação em si que eu me oponho. Eu reconheço que estilos de adoração estão sempre em transformação. Também percebo que se o Puritano típico do décimo sétimo século entrasse na Grace Community Church (onde eu sou o pastor) ele poderia ficar chocado com nossa música, provavelmente espantado por ver homens e mulheres sentados juntos, e muito possivelmente perturbado por nós usarmos um sistema de alto-falantes para falar à igreja. O próprio Spurgeon não apreciaria nosso órgão. Mas eu não sou a favor de uma igreja estagnada. Não estou preso a nenhum estilo musical ou litúrgico em particular. Essas coisas por si só são assuntos que as Escrituras sequer abordam. Também não penso que minhas preferências pessoais em tais assuntos são necessariamente superiores às preferências de outros. Não tenho nenhum desejo de fabricar algumas regras arbitrárias que governam o que é aceitável ou não em cultos da igreja. Fazer assim seria a essência do legalismo.
"Eu creio que é anti-bíblico elevar o entretenimento acima da pregação e da adoração no culto da igreja. E eu me oponho àqueles que acreditam que técnicas de vendas podem trazer as pessoas ao reino mais efetivamente do que um Deus soberano."
Minha queixa é quanto a uma filosofia que relega a Palavra de Deus a um papel secundário na igreja. Eu creio que é anti-bíblico elevar o entretenimento acima da pregação e da adoração no culto da igreja. E eu me oponho àqueles que acreditam que técnicas de vendas podem trazer as pessoas ao reino mais efetivamente do que um Deus soberano. Essa filosofia abriu a porta para o mundanismo na igreja.
"Não me envergonho do evangelho", escreveu o apóstolo Paulo (Rom. 1:16). Infelizmente, "envergonhado do evangelho" parece cada vez mais uma hábil descrição de algumas das igrejas mais visíveis e influentes do nosso tempo.
Eu vejo impressionantes paralelos entre o que está acontecendo na igreja hoje e o que aconteceu cem anos atrás. Quanto mais eu leio sobre aquela época, mais a minha convicção é reforçada de que estamos vendo a história se repetir.