segunda-feira, 30 de junho de 2008

SOU PRESBITERIANO, E DAÍ?


“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento ...”Mateus 3.8

A palavra “arrependimento” vem do grego metanoia que significa “mudança de mente”.

Desta forma, o arrependimento é uma mudança de mente que se reflete na conduta da pessoa.

Através do arrependimento, o homem adquire uma nova consciência: a de que seus pecados ofendem a santidade e a justiça de Deus.Por isso, o arrependimento é fundamental para a salvação humana, sendo pregado por Jesus nas seguintes fórmulas: “arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” ou “arrependei-vos e crede no evangelho”.

Porém, uma questão importante é saber como se identifica o verdadeiro arrependimento. Na passagem citada, Mateus ensina que o verdadeiro arrependimento é demonstrado pelos seus frutos: “ produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”.


Que frutos ou que ações são essas dignas de arrependimento?Não são aquelas que costumamos achar que são, como: profetizar, expelir demônios ou fazer milagres em nome de Jesus (Mt 7.22, 23).Frutos dignos de arrependimento são aqueles que se revelam na obediência à vontade divina (Mt 7.21). Obediência à vontade divina é obediência à sua lei, ou seja, obediência aos dez mandamentos que resumem a lei de Deus.

Por isso, Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (Jo 14.21)Os frutos, como se sabe, se renovam após serem colhidos na árvore.

Da mesma forma, os frutos dignos de arrependimento precisam constantemente se renovar na vida do crente. É algo contínuo até o fim de sua vida.

Sendo assim, o homem não pode pleitear a sua entrada no reino de Deus pelo simples fato de pertencer à Igreja Presbiteriana ou à uma denominação cristã qualquer. É necessário o verdadeiro arrependimento que se revela numa mudança profunda de pensar e que se exterioriza por meio de ações que demonstram essa mudança.

Rev. Ismael Rachid Junior

A Pirataria e os Evangélicos


A Pirataria e os Evangélicos,

como os evangélicos estão se comportando?

"Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, em os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus". (1Co. 6.9,10) .
A pirataria tem invadido o meio evangélico de maneira vergonhosa, e não são os do mundo que a tem praticado em nosso meio, são os nossos "irmãos" que enganosamente ou não, estão lesando aqueles que se sacrificam para realizar seus trabalhos.Antes de continuarmos e necessário entender o que é pirataria, pois o que temos observado são pessoas completamente desinformadas, que estão nesta prática simplesmente olhando para o financeiro enquanto condenam suas almas a perdição.
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Definição de Pirataria:
Roubar, Copiar (programa de computador, material audiovisual ou fonográfico, etc.), sem autorização do autor ou sem respeito aos direitos de autoria e cópia, geralmente para fins de comercialização ilegal ou para uso pessoal. Ou seja, todo aquele que está em tal prática, seja: copiando, comercializando ou usando, qualquer material ilegal é considerado pirata..
Definição de Pirata:
Ladrão, gatuno, sujeito audacioso, espertalhão, malandro, indivíduo que comete pirataria, que não respeita os direitos de autoria ou de reprodução que vigoram sobre determinadas obras ou produtos (literários, musicais, de informática, etc.), seja produzindo, ou utilizando cópias ilegais dessas obras ou produtos..
Os piratas são pessoas que não tem o menor respeito pela propriedade alheia, e nem imaginam quanto o produtor ou proprietário da obra investiu, não só a parte financeira, mas também o tempo, o sacrifício pessoal e familiar para a realização de seu trabalho, tais pessoas esperam um resultado no entanto encontram no seu caminho salteadores que sem a menor consideração, escrúpulo e respeito apropriam-se do que não lhes pertence, daquilo em que não investiram nada..
Mas o que mais nos entristece é saber que muitos lideres de Igrejas tem sido coniventes com esses atos, em total desrespeito não apenas ao proprietário da obra pirateada, mas também as leis que regem este país e principalmente a doutrina bíblica; o que esta acontecendo? É a pergunta que faço, será que a Igreja esta se amoldando ao mundo, ou será que todos estão imaginando que Deus esta com a visão cansada e não vê o que estão a fazer.
Vamos observar o que diz Hebreus 3.12,13: "Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo; antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado"
Nós sempre anunciamos o Evangelho que transforma e liberta; apresentamos um Deus que muda o criminoso em um homem honesto e que respeita as leis, mas nos últimos tempos a Igreja tem caído em descrédito, pois, possui no seu rol de membros verdadeiros bandidos mascarados. Já chega de tudo isso, precisamos lembrar do que diz I Pedro 2.1 a 3 "Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, e fingimentos, e invejas, e toda a maledicência, desejai como meninos recém-nascidos, o puro leite espiritual, a fim de por ele crescerdes para a salvação, se é que já provastes que o Senhor é bom."
.Diz a Constituição Federal na secção de Direitos e Garantias Fundamentais no seu artigo 5° § 27 - "aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, reprodução ou publicação de suas obras";
Os direitos autorais estão garantidos na Lei nº 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 que atualiza e consolida tais direitos no art. 5º § 7, art. 7º § 5, art. 9º, art. 28º, art. 29º, art. 87º e art. 93º; O não cumprimento da Lei é um total desrespeito não só ao proprietário da obra gravada com também as autoridades constituídas..
O que nos ensina a bíblia?
Paulo escreve aos romanos 13.1 a 3 "Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as que existem foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são motivo de temor para os que fazem o bem, mas para os que fazem o mal. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela;"
Tito 3.1 a 5 "Adverte-lhes que estejam sujeitos aos governadores e autoridades, que sejam obedientes, e estejam preparados para toda boa obra, que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas moderados, mostrando toda a mansidão para com todos os homens. Porque também nós éramos outrora insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e deleites, vivendo em malícia e inveja odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador e o seu amor para com os homens, não em virtude de obras de justiça que nós houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou mediante o lavar da regeneração e renovação pelo Espírito Santo"
Que condições possuem essas pessoas de anunciar o evangelho, ou mesmo que evangelho é este que estão proclamando? Não podemos e nem estamos julgando ninguém, pois a bíblia diz em Mateus 7.1 "Não julgueis, para que não sejais julgados"; Estamos sim é dando um grito de alerta para que muitos não venham a perecer, pois a maioria acha que amar seu próximo é encobrir seus erros e pecados. Porem se vivem em desconformidade com as leis que regem nosso país e em práticas escusas, como esperam estar em conformidade com a doutrina bíblica?
A maioria sempre procura uma justificativa para seus atos ilícitos, alguns dizem que precisam sobreviver ou sustentar suas famílias, falam que foi a porta que o Senhor abriu; Amados quem vive as custas dos outros é parasita, como pode Deus ser participante ou conivente em um ato criminoso?
Tudo que não é adquirido de maneira lícita se torna maldição na vida do homem, muitos enganosamente pensam estar enriquecendo, mas na verdade estão voltando para a imundícia do mundo e afogando as suas almas na lama do pecado, esquecem de ler II Pe. 2.14 a 21 "tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição; os quais, deixando o caminho direito, desviaram-se, tendo seguido o caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça, mas que foi repreendido pela sua própria transgressão: um mudo jumento, falando com voz humana, impediu a loucura do profeta. Estes são fontes sem água, névoas levadas por uma tempestade, para os quais está reservado o negrume das trevas. Porque, falando palavras arrogantes de vaidade, nas concupiscências da carne engodam com dissoluções aqueles que mal estão escapando aos que vivem no erro; prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do mesmo é feito escravo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo pelo pleno conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, ficam de novo envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado."
Queridos não é amor ou tolerância que está faltando de nossa parte, mas sim caráter, consciência e vergonha na cara por parte de todos que vivem no erro, ou será que nunca leram I Co. 15.34 "Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa"..
Portanto estamos conclamando não apenas os Líderes Evangélicos, mas todo o povo de Deus para o combate a este ato criminoso, pois se protestamos contra o pecado como vamos agora fazer vista grossa a tais acontecimentos no nosso meio, ou será que a Igreja aderiu ao sistema de dois pesos e duas medidas?
I Ts. 4.4 a 7 "que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência, como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação."

B.S.Araújo

John Wycliffe: “O amor de Cristo nos constrange”


John Wycliffe: “O amor de Cristo nos constrange”
por
Pr. Franklin Ferreira
Uma igreja em declínio
Durante o século XV houve algumas tentativas de reforma da igreja, mas esta reforma não era dirigida contra as questões doutrinárias, mas mais contra a vida religiosa na prática, em particular contra os abusos presentes na igreja medieval. Ao mesmo tempo, houve outro movimento de reforma muito mais radical, que não se contentava em atacar questões referentes à vida e aos costumes, mas queria corrigir também as doutrinas da igreja, ajustando-as à mensagem do evangelho. Entre os que seguiram este caminho, os que mais se destacaram foram John Wycliffe e Jan Huss (1370-1415). Wycliffe viveu durante a época do “cativeiro babilônico” do papado (quando o papado foi estabelecido em Avignon, na França), e no início do “Grande Cisma” (que começou em 1378, quando dois papas rivais tentaram exercer autoridade sobre a igreja). Estes homens prepararam o caminho para a reforma protestante do século XVI.
A época em que Wycliffe viveu era caracterizada pela incerteza e pressões comuns à nossa época. A “peste negra” varreu a Inglaterra e a Europa e, em alguns lugares, um terço da população foi morta. O que ficou conhecido como a “Guerra dos Cem Anos” entre a Inglaterra e a França minou energias e recursos. A igreja possuía mais de um terço das terras da Inglaterra. O clero era normalmente inculto e imoral. Altos cargos na igreja eram comprados ou dados como favores políticos. Aos ingleses desagradava enviar dinheiro para um papa em Avignon, que estava sob influência do inimigo da Inglaterra, o rei da França. O controle dos salários relegava os pobres a uma existência marginalizada e conduziu à violenta Revolta dos Camponeses na Inglaterra, em 1381.
Um erudito cristão
Sabemos muito pouco da juventude de John Wycliffe, que nasceu em cerca de 1328, em uma rica família inglesa, em Hipswell, no Condado de Yorkshire. Parece que ele teve uma infância típica em uma pequena aldeia da Inglaterra, e uma juventude dedicada quase exclusivamente ao estudo. Ele começou sua vida acadêmica aos treze anos, indo estudar na Universidade de Oxford, no Balliol College. A Universidade de Oxford tinha alcançado grande reconhecimento, tendo sido considerada por muitos como a principal universidade na Europa. Tristemente, naquela época, em lugar de estudar as Escrituras, os homens gastavam o tempo estudando filósofos como Tomás de Aquino (c. 1224-1274) e John Duns Scotus (1265-1308). Porém havido um homem realmente cristão que era professor no Balliol College. O nome dele era Tomás de Bradwardine (falecido em 1349). Ele estava terminando sua carreira aproximadamente ao mesmo tempo em que Wycliffe estava começando a sua. Bradwardine estava pronto aceitar o que Deus tinha revelado em sua Palavra. Ele viu o caminho que outros perderam. Ele ensinou a verdade do Evangelho que Deus salva os homens de seus pecados por meio de sua livre graça. Luz começou a raiar na Europa por causa deste grande homem.
Wycliffe continuou seus estudos, financiando-os de uma forma duvidosa, mas de modo muito comum em sua época – aceitou um ofício pastoral e o salário atribuído a ele, mas sem cumprir suas obrigações. Isto possibilitou continuar sua carreira acadêmica em Oxford, recebendo seu doutorado em 1372, quando se tornou um dos mais brilhantes teólogos e filósofos de sua época.
Wycliffe saiu da universidade em 1371, para se colocar a serviço da coroa, ajudado pelo poderoso John de Gaunt, o Duque de Lancaster, filho de Eduardo III. Gaunt foi o governante de fato da Inglaterra, entre 1377 a 1381, depois da morte do pai, enquanto Ricardo II não tinha idade suficiente para reinar. Na época, havia tensões entre o trono inglês e o papado romano, particularmente com referência a certos impostos que o papado estava exigindo da Inglaterra. Wycliffe saiu em defesa da coroa, atacando a teoria que dizia que o poder temporal (estatal) se origina do espiritual (eclesiástico). Ele participou também de uma embaixada em 1375, em Bruges, na Bélgica, em que discutiu com os legados do papa os pontos em debate. Parece que sua lógica inflexível, aliado a sua falta de senso da realidade política, tornava-o pouco apto para o serviço diplomático, e por isto ele não voltou a ser enviado em missões semelhantes. A partir de então ele foi usado principalmente como um polemista demolidor, que o estado inglês empregava contra seus inimigos da igreja.
Este debate em que se envolveu, somada ao escândalo do “Grande Cisma”, o conduziu a posições cada vez mais ousadas, atacando não apenas o papa e os poderosos senhores da igreja, mas também os poderosos do estado. Em seu entendimento, assim como o poder espiritual tinha seus limites, o temporal também os tinha. Ele também argumentou que apenas o governante piedoso pode exercer a autoridade corretamente, e que governantes ímpios não tem autoridade legítima – sejam eles nobres, reis ou papas. Por causa disto, os nobres que antes o apoiavam foram se separando dele, deixando-o cada vez mais só.
Um crítico da Igreja
Wycliffe então voltou para a Universidade de Oxford, onde tinha muitos seguidores e admiradores. Mas também ali o cerco se fechava. Ele tem sido chamado de a “estrela da manhã da Reforma”, porque audaciosamente questionou a autoridade papal, criticou a venda de indulgências (a qual supostamente libertava as pessoas do castigo do purgatório), falou abertamente contra a hierarquia eclesiástica e negou a realidade da transubstanciação – a igreja romana dizia que a substância do pão e do vinho é mudada em corpo e sangue de Jesus Cristo durante a missa. Ele entendia que a substância dos elementos era indestrutível e que Cristo estava apenas espiritualmente presente no sacramento. Em suas palavras, “quando vemos a hóstia não devemos crer que ela própria é o corpo de Cristo, mas que o corpo de Cristo está sacramentalmente escondido nela... A nós cristãos é permitido negar que o pão que consagramos é idêntico ao corpo de Cristo, embora seja ele um sinal eficiente dele... [Aqueles que identificam] falham em distinguir entre a figura e a coisa figurada e em considerar o significado figurativo... O receber espiritual do corpo de Cristo consiste não num receber corpóreo, no mastigar ou tocar da hóstia consagrada, mas no alimentar da alma de fé frutífera conforme a qual nosso espírito é alimentado no Senhor... Porque nada é mais horrível do que a necessidade de comer a carne materialmente e o beber o sangue materialmente de um homem amado [Jesus Cristo] tão claramente” (A Eucaristia 1:2, 11; 7:58; 1:15). Se adotada, a posição de Wycliffe significaria que o sacerdote não mais reteria a salvação de alguém por ter em suas mãos o corpo e o sangue de Cristo na comunhão. A posição de Wycliffe não é totalmente clara, e tem sido reclamada tanto pelos seguidores de Martinho Lutero como pelos de João Calvino.
Seus ataques contra os monges (as ordens monásticas eram comprometidas com a pobreza, mas toda a sua considerável riqueza era mantida de forma injusta, não lhes pertencendo de forma legítima), que tinham começado anos antes, lhe valeram muitos inimigos. Em 1377, o papa Gregório XI condenou John Wycliffe por seus ensinamentos e pediu que a Universidade de Oxford o demitisse. Por instigação do arcebispo de Canterbury, Simon de Sudbury, o reitor da universidade convocou uma assembléia para discutir os ensinos de Wycliffe sobre a ceia, e esta assembléia o condenou por estreita margem de votos, em 1380. Mesmo assim, muitos em Oxford ainda o defendiam, e as autoridades não se atreviam a tomar atitudes contra ele. Durante vários meses ele esteve preso em sua casa, privado da liberdade, mas com permissão para continuar escrevendo seus livros, cada vez mais agressivos. Em 1381, a Revolta dos Camponeses na Inglaterra forçou a igreja e os nobres a cooperarem entre si na restauração da lei e da ordem. Embora Wycliffe não estivesse envolvido na rebelião, aqueles que se opunham a ele alegavam que a revolta fora resultado de seus ensinos. Aproveitando-se da situação, os líderes da igreja inglesa forçaram seus seguidores a saírem de Oxford.
Tradutor das Escrituras
Por causa das pressões de um velho inimigo, William Courtenay, que era bispo de Londres, Wycliffe se retirou para a igreja paroquial de Lutterworth, perto de Rugby, em 1382. Com o passar dos anos, ele foi dando cada vez mais ênfase na autoridade das Escrituras, em detrimento da autoridade do papa e das tradições eclesiásticas. Ele entendia que as Escrituras pertencem à igreja, e por isto devem ser interpretadas dentro dela e por ela. Para ele, as Escrituras contém tudo que é necessário para a salvação, sem qualquer necessidade de tradições adicionais.
Além disto, ele acreditava que o melhor caminho para prevalecer em sua luta contra a autoridade abusiva da igreja católica era tornar a Bíblia acessível às pessoas em sua própria língua. Desse modo, poderiam ler por si mesmas acerca da forma como cada uma poderia ter um relacionamento pessoal com Deus através de Jesus Cristo – independente de qualquer autoridade eclesiástica. Como ele disse: “As palavras de Deus darão aos homens nova vida mais do que as outras palavras lidas por mero prazer. Oh, maravilhoso poder da Divina Semente que vence homens fortes e armados, amacia os corações duros e renova e transforma em homens piedosos aqueles que tinham sido brutalizados pelos pecados, e se afastaram infinitamente de Deus. Obviamente tal miraculoso poder nunca poderia ser operado pelo trabalho de um sacerdote, se o Espírito da Vida, e a Eterna Palavra, acima de qualquer outra coisa, não operassem”. Em 1382, atacou a autoridade do papa, dizendo num livro que Cristo e não o papa era o chefe da igreja. Afirmou que a Escritura e não a igreja era a autoridade única para o crente e que a igreja romana deveria se modelar segundo o padrão da igreja do Novo Testamento.
Em Lutterworth, Wycliffe e alguns de seus antigos alunos, completaram a tradução do Novo Testamento por volta de 1380 e o Antigo Testamento em 1382. Enquanto Wycliffe concentrava seus esforços no Novo Testamento, um de seus amigos, Nicolau de Hereford, trabalhava sob sua supervisão na tradução do Antigo Testamento. Wycliffe e seus companheiros, por não conhecerem o hebraico e o grego originais, traduziram o texto do latim para o inglês – usando a tradução latina de Jerônimo, escrita à mão a mais de 100 anos. Um dos amigos mais chegados de Wycliffe, John Purvey (c. 1353-1428), continuou a obra de Wycliffe, lançando, em 1388, uma revisão de sua tradução. Purvey era um erudito, e seu trabalho foi muito bem recebido por sua geração e pelas que se seguiram. Menos de um século depois, a edição revista de Purvey havia substituído a Bíblia inicial de Wycliffe. Eles foram os primeiros ingleses a traduzir toda a Bíblia do latim para o inglês.
Outros de seus escritos, além dos seus trabalhos sobre os problemas da Igreja e do Estado, incluíam tratados de lógica e metafísica e numerosos livros e sermões teológicos. Em um sermão intitulado “O amor de Jesus” ele expressa de forma comovente seu amor por Cristo, que o constrangeu a se lançar à obra de reforma da igreja: “A não ser que um homem seja primeiro purificado por provações e tristezas, ele não pode alcançar a doçura do amor de Deus. Oh, tu amor eterno, inflama minha mente para que eu ame a Deus, que incendeie tudo, menos o Seu chamado. Oh, bom Jesus! Quem mais poderia me dar o que sinto de Ti. Agora, Tu deves ser sentido, e não visto. Entra nos mais íntimos recessos da minha alma; entra no meu coração e enche-o completamente com Tua claríssima doçura; faze com que minha mente beba profundamente do forte vinho do Teu doce amor; pois somente Tua presença é para mim consolo ou conforto, e só Tua ausência me deixa entristecido. Oh, Tu, Santo Espírito, que sopras onde queres, entra em mim, atrai-me a Ti, para que eu possa desprezar e ter em nada em meu coração todas as coisas deste mundo. Inflama o meu coração com o Teu amor que para sempre arderá sobre o Teu altar. Vem, eu te imploro, doce e verdadeira alegria; vem doçura tão desejável; vem meu amado, que és todo o meu conforto”. Esse amor deveria ser uma força impulsora para todos os cristãos hoje.
Precursor da Reforma
E foi também por este amor que, em pouco tempo, o país se viu invadido pelos “lolardos”, ou “pregadores pobres”. Vários dos seus discípulos se dedicaram a divulgar suas doutrinas entre o povo, ainda durante a vida do mestre de Oxford. As doutrinas dos “lolardos” eram claras: A Bíblia deveria ser colocada à disposição do povo em seu próprio idioma. As distinções entre o clero e os leigos, com base no rito de ordenação eram contrárias às Escrituras. Clérigos injustos deveriam ser desobedecidos. A principal função dos ministros de Deus deveria ser pregar, e eles deveriam ser proibidos de ocupar cargos públicos, pois “ninguém pode servir a dois senhores”. Além disto o celibato de sacerdotes e monges era uma abominação que produzia imoralidade, aberrações sexuais, abortos e infanticídios. O culto às imagens, as peregrinações, as orações em favor dos mortos e a doutrina da transubstanciação eram pura magia e superstição.
Os “lolardos” incluíam estudantes da Universidade de Oxford, pequenos proprietários e muitos pobres das áreas rurais e urbanas. A igreja romana, através de uma declaração apoiada pelo Parlamento, em 1401, passou a perseguir e castigar com a pena de morte a pregação dos “lolardos”. Alguns estudiosos acham que esta perseguição foi eficaz na destruição do movimento até o fim do século XV. Outros argumentam que a influência deste grupo foi preservada em certos lugares e inspiraram a Reforma no século XVI. Mas a influência de Wycliffe foi muito mais forte na Europa continental. O casamento de Ricardo II, da Inglaterra, com Anne da Boêmia, firmou vínculos espirituais com a Boêmia (atual República Tcheca). Pela influência da rainha, os trabalhos de Wycliffe foram levados para a Boêmia, onde Jan Huss foi grandemente influenciado por eles. Suas idéias foram levadas para este país através de estudantes tchecos que estudavam na Universidade de Oxford (entre eles, Jerônimo de Praga), lançando os fundamentos dos ensinos de Huss. Através de sua influência na Boêmia, Wycliffe realmente foi um precursor da Reforma protestante.
Wycliffe continuou escrevendo até sua morte, no Natal de 1384, em conseqüência de um derrame cerebral. Já que faleceu estando em comunhão com a igreja, protegido da fúria da igreja por seus amigos ligados à nobreza, ele foi enterrado em terreno consagrado. Mas sua influência continuou tão forte que os ensinos de Wycliffe foram formalmente condenados, no concílio de Constança (1414-1418), trinta anos mais tarde. Ordens foram dadas para que seus escritos fossem destruídos, desenterraram seus ossos, queimaram-nos e lançaram suas cinzas no rio Swift. De qualquer maneira, as autoridades pensaram que, ao queimar seus restos mortais, eles poderiam apagar sua memória. Mas tais ações não poderiam parar a fome pela Palavra de Deus e pela verdade.
Como disse o historiador Thomas Fuller: “Eles queimara seus ossos até às cinzas / e as lançaram na correnteza, / um riacho próximo que corria velozmente. / Assim o riacho levou as cinzas para o Avon, / o Avon para o Severn; o Severn para os mares estreitos; / e eles para o oceano. E assim as cinzas de Wycliffe são o emblema da sua doutrina / que agora está espalhada para o mundo todo”. Uma grande organização evangélica missionária, fundada em 1942, recebeu seu nome, e, em cooperação com outros ministérios semelhantes, os tradutores da “Associação Wycliffe para Tradução da Bíblia” (Wycliffe Bible Translators) almejam traduzir a Bíblia para cada uma das 2.500 línguas restantes sobre a Terra que não têm as Sagradas Escrituras.

A Vida de Martinho Lutero


A Vida de Martinho Lutero
por
Dr. Sam Storms

O Começo da Vida de Lutero

1. O Começo da Vida Acadêmica - Lutero nasceu em 10 de Novembro de 1483, em Eisleben, na Saxônia Prussiana. Ele morreu na mesma cidade, numa viagem, no dia 18 de Fevereiro de 1546. [Michelangelo nasceu em 1475].
Após a reforma começar, Lutero foi freqüentemente difamado por seus oponentes católicos romanos. Em particular, foi dito que a mãe de Lutero manteve relações sexuais com o diabo e que Martinho era sua prole!
Aos 18 anos de idade, ele entrou na Universidade de Erfurt e recebeu seu Bacharel em Artes em 1502 e seu Mestre em Artes em 1505. Seguindo os desejos de seu pai, ele se preparou para a carreira em Direito. Contudo, dois eventos mudaram o curso de sua vida. Primeiro, ele foi abalado pela morte súbita de um amigo íntimo. Segundo, logo após isto, em 2 de Julho de 1505, ele foi pego numa violenta tempestade com trovões perto de Erfurt, e ficou tão aterrorizado que ele caiu no chão e gritou: “Santa Ana, ajude-me e me tornarei monge!” (Ana era a santa padroeira dos mineiros e das pessoas em perigos nas tempestades com trovões). Ele imediatamente se uniu ao convento Agostiniano em Erfurt, para completa consternação de seu pai.
Dois irmãos de Lutero morreram de praga bubônica (a morte negra), aproximadamente no tempo em que ele entrou no monastério. Outro irmão (James) sobreviveu e visitou Martinho em Wittenberg, na década de 1530. Além disto, conhecemos muito pouco sobre a sua família.
2. Lutero como um Monge - Lutero foi um piedoso católico romano e adorador da Virgem Maria. Ele tomou para si os mais servis e humilhantes deveres, esperando subjugar o seu orgulho. Ele mendigava nas ruas, lavava o chão, e sujeitava seu corpo a um ascetismo rigoroso e a uma tortura infligidora. Ele estava obcecado para encontrar a paz da salvação, mas repetidamente falhou (uma ansiedade severa da alma a qual ele se referia como Anfechtungen). Ele foi ordenado ao sacerdócio em 2 de Maio de 1507, tempo no qual ele realizou a sua primeira Missa. Sendo instruído pelos seus professores que um sacerdote realmente segurava “seu Deus” em suas mãos e O oferecia aos outros, Lutero duvidou de sua dignidade para realizar tal tarefa. Ele tremeu no altar e teve que ser assistido para completar a cerimônia.
O padre confessor de Lutero, no monastério, era um homem chamado Johannes Staupitz, ao qual Lutero mais tarde atribuiu muito dos seus discernimentos teológicos. Lutero freqüentemente ia à Staupitz para confissão, até que o último o admoestou que parasse até que tivesse algo realmente pecaminoso para confessar!
3. Lutero o Professor - Sua carreira de ensino começou em 1508, em Wittenberg. Durante o inverno de 1510-11, ele foi a Roma, uma cidade então cheia de entusiasmo pela Renascença, mas indiferente para com a religião. Lutero ficou apavorado com a incredulidade e imoralidade do papado, uma impressão que indubitavelmente foi instrumental para sua conversão. No seu retorno a casa, ele disse:
“Algumas pessoas levam dinheiro a Roma e trazem indulgências de volta. Eu, como um tolo, carreguei cebolas para lá, e trouxe alhos de volta”.
Por isto Lutero queria dizer “que ele carregou seu desespero para Roma, esperando ser liberto dele, mas foi embora com um desespero ainda mais profundo” (Thompson, 390). [Michelangelo pinta a Capela Sistina em 1512].
De acordo com o testemunho do seu filho, Paulo (que reivindica ter ouvido isso de seu pai, em 1541), foi durante sua visita a Roma que Lutero subiu de joelhos os 28 degraus da famosa Scala Santa (alegadamente os degraus retirados do Corredor do Julgamento, em Jerusalém), beijando os lugares onde o sangue de Cristo era dito ter caído, tudo isso para assegurar para si mesmo a indulgência adicionada a esta performance ascética, desde os dias do Papa Leão IV, em 850. Repentinamente, abatido pela futilidade de suas ações, se levantou e retornou à Alemanha.
Ele recebeu seu doutorado em 1512 e começou a ensinar a Bíblia. De 1513 a 1515, ele ensinou Salmos, e de 1515 a 1517, ele ensinou Romanos, Gálatas e Hebreus. Durante este período, seus sentimentos de extrema imperfeição diante de Deus, foram intensificados. Ele foi assombrado com a compreensão de que um Deus de infinita justiça nunca poderia ser satisfeito com os seus miseráveis esforços em busca da pureza. Após sua conversão, ele recordou dos seus anos como monge e descreveu sua luta:
“Eu era um bom monge, e cumpria minhas regras tão estritamente que me aventuro a dizer que, se algum monge entrasse no céu pelo monastério, eu teria conseguido. Todos meus companheiros no monastério que me conheciam, me confirmariam isto. Porque, se eu tivesse ido muito longe, eu teria me martirizado até à morte, com vigílias, orações, leituras e outras tarefas”.
“Porque eu esperava que encontraria paz de consciência com jejuns, orações, vigílias, com as quais eu afligia o meu corpo; mas, quanto mais eu me esforçava com coisas como estas, menos paz e tranqüilidade eu conhecia”.
“Quanto mais santo, mais incerto eu me tornava”.
“Após vigílias, jejuns, orações e outros exercícios de natureza rígida, com os quais, como um monge, eu me afligia quase até à morte, a dúvida ainda era deixada em minha mente, e pensava, Quem sabe que estas coisas são agradáveis a Deus”.
[As citações precedentes foram tomadas do livre de Bard Thompson, Humanists and Reformers, 388].
Sua conversão aconteceu em 1516-17, sobre a qual ele escreveu o seguinte:
“Ainda que, como monge, eu levasse uma vida irrepreensível, sentia que era um pecador perante Deus, e tinha uma consciência extremamente perturbada. Não podia acreditar que Deus era aplacado com as satisfações que eu lhe dava. Eu não amava, mas sim, odiava a justiça de Deus que pune pecadores e, secretamente, se não com blasfêmia, com certeza murmurando muito, estava irado contra Deus e disse: “Como se não bastasse que miseráveis pecadores, eternamente perdidos por causa do pecador original, sejam esmagados por toda espécie de calamidade pela Lei do Decálogo, Deus tivesse de acrescentar dor em cima de dor pelo Evangelho, e também com o Evangelho nos ameaçando com sua ira justa!” Deste modo, eu me irava, com uma consciência furiosa e perturbada. Todavia, persistentemente golpeava aquela passagem de Paulo, querendo ardentemente entender o que ele quis dizer com “a justiça de Deus”.
Finalmente, pela misericórdia de Deus, meditando de dia e de noite, consenti ao contexto das palavras, a saber: “Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O justo viverá pela fé”. Então comecei a entender [que] a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, em outras palavras, pela fé. E este é o significado: no Evangelho, é revelada a justiça de Deus, isto é, a justiça passiva com a qual [o] Deus misericordioso justifica-nos pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”. Foi quando senti como se tivesse nascido de novo e entrado no paraíso por portões abertos. Aqui, me foi mostrada uma face completamente diferente da Escritura. Com base nisso, percorri outra vez, de memória, os textos das Escrituras (...)
E, exaltei minha palavra amabilíssima com um amor tão grande quanto o ódio com o qual antes havia odiado “a justiça de Deus”. Portanto, aquela passagem em Paulo tornou-se para mim verdadeiramente o portão para o paraíso (Prefácio aos Escritos em Latim, LW, 34:336-37).
Não é necessário dizer que a descoberta de Lutero da graça bíblica e a sua conversão pessoal alteraram radicalmente sua visão sobre o papado Católico Romano. O evangelho, Lutero argumentou, repudia “a ímpia idéia do reinado inteiro do papa, o ensino de que um cristão deve estar incerto sobre a graça de Deus para com ele. Se esta opinião permanece, então, Cristo é completamente inútil...Portanto, o papado é uma verdadeira câmara de tortura de consciências e o próprio reino do diabo” (LW 26:387).


B. Lutero Quebra com Roma
1. A Venda de Indulgências: Lutero e Tetzel - Com o intuito de financiar a reconstrução da igreja de São Pedro em Roma, o Papa Julius II e Leão X sancionaram a venda indiscriminada de indulgências. Na linguagem de Roma, indulgentia é um termo para anistia ou remissão de castigo, em particular, a remissão dos castigos temporais (não eternos) pelo pecado, sob a condição de que a pessoa realizasse boas obras específicas e fizesse contribuições financeiras generosas à Roma. Somente Deus pode perdoar o castigo eterno pelo pecado, mas o pecador ainda deve suportar o castigo temporal pelo pecado, seja nesta vida ou no purgatório. Esta última penalidade estava sob o controle do papado e do sacerdócio. Assim, por um preço, a igreja podia reduzir tanto o grau como a duração do castigo no purgatório, tanto para você como para os seus queridos falecidos, que já estão lá.
Quem estava na liderança da venda de indulgências na Alemanha era um monge Dominicano, bem conhecedor por sua imoralidade e bebedeira, por nome de Johann Tetzel. Ele começou seu negócio na borda da Saxônia, em Juterbog, poucas horas de Wittenberg. Tetzel era particularmente rude e mercenário em suas táticas. Ele usava frases poéticas para destacar o benefício das indulgências. Por exemplo,
“Quando a moeda no cofre soar,A alma do purgatório saltará”.
Ele pregava:
“Indulgências sãos os mais preciosos e mais nobres dons de Deus...Venham e eu vos darei suas cartas, todas propriamente seladas, pela qual até mesmos os pecados que vocês intentam cometer, podem ser perdoados...Mas muito mais do que isto, as indulgências não beneficiam somente os vivos, mas os mortos também....Padre! Nobre! Comerciante! Esposa! Jovem! Moça! Vocês não ouvem seus pais e seus outros amigos que estão mortos, e que clamam do fundo do abismo: 'Estamos sofrendo tormentos horríveis! Umas esmolas miseráveis nos libertariam; você pode dar, mas não quer!'?”.
Era difícil para as pessoas resistirem aos apelos engenhosos de Tetzel, tanto ao egoísmo deles como ao amor pelos pais.
A estória diz que após Tetzel ajuntar uma larga soma de dinheiro da venda de indulgências em Leipzig, um homem se aproximou dele e perguntou se ele poderia comprar uma indulgência por um pecado futuro, que ele estava planejando cometer. Tetzel disse que sim, e eles ajustaram o preço. Após isso, o homem atacou e roubou Tetzel, explicando que este era o pecado futuro que ele tinha em mente!
Tetzel tinha uma “tabela de preços” para o perdão de pecados:
Bruxaria - 2 ducados
Poligamia - 6 ducados
Assassinato - 8 ducados
Sacrilégio - 9 ducados
Perjúrio - 9 ducados
Lutero perdeu sua paciência quando um bêbado caído no chão lhe mostrou um certificado de indulgência, como garantia para a sua condição inébria.
As indulgências podiam também ser obtidas por ver ou venerar certas relíquias. O príncipe de Lutero, Frederico o Sábio, era dono de uma das maiores coleções de relíquia na região, com mais de 19.000 peças, e valendo mais de 1.900.000 dias de indulgência. A coleção de Frederico incluía um pedaço da sarça ardente, ferrugem da fornalha de fogo, leite do seio de Maria, e um pedaço do berço de Jesus, só para citar algumas. A coleção de relíquias do Cardeal Albrecht valia mais de 39.245.120 dias de indulgência.

2. As 95 Teses: 31 de Outubro de 1517 - Enfurecido por estes acontecimentos blasfemos, na tarde de 31 de Outubro de 1517, Lutero publicou na porta do castelo-igreja de Wittenberg, as 95 teses ou proposições sobre o assunto das indulgências e solicitou uma discussão pública sobre o assunto. Houve pouca resposta inicial, mas a rápida circulação das teses (intituladas “Discussão para explicar a Virtude das Indulgências”) certamente instigou as coisas. Schaff escreve isto sobre as teses:
“Não houve nenhum protesto contra o Papa e contra a Igreja Romana, ou contra qualquer uma das suas doutrinas, nem mesmo contra as indulgências, mas somente contra o seu abuso. Elas expressamente condenavam aqueles que falavam contra as indulgências (Tese 71), e assumiam que o próprio Papa preferiria ver a Igreja de São Pedro em cinzas, antes do que construí-la com a carne e o sangue de suas ovelhas (Tese 50). Elas implicam uma crença no purgatório. Elas em nenhum lugar mencionam Tetzel. Elas são silentes sobre fé e justificação, que já formavam a essência da teologia e piedade de Lutero. Ele desejava ser moderado, e não tinha a mínima idéia de uma separação da igreja-mãe. Quando as Teses foram publicadas em suas obras selecionadas (1545), ele escreveu no prefácio: Permiti que elas permanecessem para que por elas possa se mostrar quão fraco eu era, e em que estava flutuante de mente estava, quando comecei esta empreitada. Eu era um monge e um papista maluco, e estava tão submerso nos dogmas do Papa, que teria prontamente matado qualquer pessoa que negasse obediência ao Papa”.

3. O Debate de Augsburgo: Lutero e Cajetan (Outubro de 1518)
“A história sempre se lembrará da dramática apregoação das teses contra as indulgências em 1517, e o ainda mais dramático confronto em Worms, diante da Igreja e do Estado em 1521, mas o julgamento em Augsburgo foi igualmente dramático e provavelmente mais momentoso do que os outros. Em 1517, virtualmente desconhecido fora de sua Ordem, Lutero estava no chão seguro de sua universidade; em 1521, agora famoso, ele tinha o apoio certo não somente dos eruditos, mas da sociedade –– possivelmente metade da Alemanha. Em 1518, quando partiu para enfrentar Cajetan em Augsburgo, ele era um monge solitário e miserável, que não sabia como a Igreja ou o Império o tratariam, e nem mesmo o que eles fariam com ele durante o seu percurso para lá. Se algum homem já partiu em fé sozinho, Lutero o fez. Amigos influentes o advertiram que nunca lhe seria permitido voltar; Staupitz suplicou para que ele escapasse enquanto podia. Ele respondeu, 'Cristo governa em Augsburgo, mesmo no meio dos Seus inimigos'” (Atkinson, 169).
4. O Debate de Leipzig: Lutero e Eck (27 de Junho - 15 de Julho de 1519) - O colega de Lutero, Andreas Carlstadt (1480-1541), começou o debate, mas foi tristemente vencido. O ponto primário da discussão foi a confissão de Lutero de que tanto o Papa como a Igreja erraram, enquanto que somente a Escritura é infalível. Lutero concluiu seu argumento dessa forma:
“Eu lamento que o erudito doutor (Eck) mergulhe na Escritura somente até onde a aranha-da-água mergulha na água –– além disso, ele parece fugir dela assim como o Diabo da Cruz. Eu prefiro, com toda deferência pelos Pais, a autoridade da Escritura, a qual, com isto, recomendo ser o juiz da nossa causa”.
A tática final de Eck foi assimilar Lutero com o “herético” Hus que tinha sido queimado na estaca. Inicialmente Lutero negou afinidade com Hus. Contudo, durante um intervalo para almoço (literalmente!), Lutero foi à biblioteca e leu os registros da condenação de Hus, no Concílio de Constância. Quando o debate recomeçou, Lutero admitiu sua simpatia por Hus e sua concordância com muito do que o Boêmio ensinou.
[Leonardo da Vinci morre em 1519]

5. Os Panfletos Publicados de Lutero - Durante o período de Julho a Outubro de 1520, Lutero escreveu suas 3 obras mais eficazes. Em Address to the German Nobility [Discurso à Nobreza Alemã] ele ataca três muralhas do edifício Católico Romano: a reivindicação de que o poder espiritual da Igreja Católica Romana era superior ao poder temporal dos reis e príncipes; a reivindicação de que ninguém poderia interpretar a Escritura, senão o Papa; a reivindicação de que somente o Papa poderia intimar um concílio geral. Ele também criticou o conceito do celibato sacerdotal. Lutero disse: o papa não tem poder para ordenar o celibato mais do que o “tem para proibir o se alimentar, o beber, o movimento natural do estômago, ou o engordar”. No The Babylonian Captivity of the Church [Cativeiro Babilônico da Igreja], Lutero atacou o sistema sacramental Católico Romano e em seu On the Freedom of the Christian Man [Sobre a Liberdade do Homem Cristão] ele fala das liberdades do crente, tanto em relação aos assuntos espirituais como em relação à autoridade do estado.
6. Exsurge Domine: a Bula de Excomunhão (15 de Junho de 1520) - Este decreto papal excomungou Lutero, exigiu a queima de seus livros, e condenou toda a Reforma. Lutero respondeu jogando o documento no fogo (10 de Dezembro de 1520), quando ele disse estas palavras: “Como tu (o Papa] tens atormentado a Santa Palavra do Senhor, possa o fogo eterno te atormentar!”.
“Um tremor se espalhou pela Europa quando essa ficou sabendo que um monge obscuro, um homem que não tinha nada além de sua fé em Deus, queimou uma bula papal. Foi o sinal ardente de emancipação. A alma individual tinha descoberto seu verdadeiro valor. Se a Reforma pode ser datada, esta data deve ser 10 de Dezembro de 1520. Se eras podem ser datadas, nossa era moderna começou às nove horas daquela manhã” (Atkinson, 197).
7. A Dieta de Worms (1521) - Lutero apareceu diante da dieta no dia 17 de Abril, às 16:00h, onde ele estava para se defender diante de Charles V, Santo Imperador Romano (então com apenas 19 anos de idade). Charles disse: “É ridículo que um único monge possa estar certo em sua opinião e toda a Cristandade em erro por mil anos ou mais”.
Ele respondeu duas perguntas. Primeiro, ele reconheceu que os livros sobre a mesa diante dele eram seus. Em segundo lugar, foi lhe perguntado se ele afirmaria ou retrataria o que tinha escrito. Lutero pediu um tempo para refletir e orar antes de responder, e foi lhe dado 24 horas. Aqui está o texto de sua resposta:
“Eu não posso negar que os livros mencionados são meus, e nunca negaria qualquer um deles: eles são minha prole; e escrevi alguns outros que não foram mencionados. Mas, quanto à pergunta, se reafirmarei tudo nos mesmos termos, ou se retratarei o que expressei além da autoridade da Escritura, –– pois o assunto envolve a questão da fé e da salvação das almas, e porque ela diz respeito à Palavra de Deus, que é a maior coisa no céu e na terra, e a qual todos devemos reverenciar, –– seria perigoso e imprudente para eu fazer qualquer declaração não premeditada, pois na fala não premeditada eu posso dizer algo menor do que o fato e algo maior do que a verdade; além do mais, lembro do dito de Cristo, quando declarou, 'Qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus, e diante dos Seus anjos'. Por estas razões, imploro, com todo respeito, que vossa Majestade Imperial, me dê tempo para deliberar, para que eu possa responder a pergunta sem injúria à Palavra de Deus e sem perigo para minha própria alma”. Retornando no dia 18 de Abril, às 6:00h da manhã, ele entregou esta agora famosa resposta:
“A menos que possa ser refutado e convencido pelo testemunho da Escritura e por claros argumentos (visto que não creio no Papa, nem nos concílios; é evidente que todos eles freqüentemente erram e se contradizem); estou conquistado pela Santa Escritura citada por mim, minha consciência está cativa à Palavra de Deus: não posso e não me retratarei, pois é inseguro e perigoso fazer algo contra a consciência. Esta é a minha posição. Não posso agir de outra maneira. Que Deus me ajude. Amém!”.
Lutero deixou Worms imediatamente, e no dia seguinte foi denunciado pelo Imperador como “um herético notório”, que devia ser silenciado. Lutero foi chamado de um criminoso que cometeu alta traição e, conseqüentemente, recebeu uma sentença de morte. No dia 26 de Maio de 1521, o Imperador emitiu este decreto:
“Ordenamos que nenhum de vocês tome o supracitado Martinho Lutero em suas casas, não o recebam em corte, e nem lhe dêem comida nem bebida, nem o escondam, que não lhe proporcionem nenhuma ajuda, favor, apoio, ou encorajamento, nem clandestinamente ou em público, através de palavras ou atos. Onde o puderem pegar, prendam-no e o dominem, capturem-no e o enviem a nós sob segurança máxima”.
Sobre qual seria a importância da Dieta de Worms, um autor respondeu:
“A Dieta de Worms, o aparecimento de Lutero ali, em 17 de Abril de 1521, pode ser considerado como a maior cena na história moderna da Europa; foi realmente o ponto à partir do qual toda a história subseqüente da civilização se ergueu. De um lado, a pompa e o poder do mundo estavam ali; do outro, de pé, em favor da verdade de Deus, um homem, o filho do pobre mineiro Hans Lutero. Nossa petição –– a petição do mundo inteiro a ele, era: Liberta-nos; está nas tuas mãos; não nos abandone. Lutero não nos abandonou. Este foi, como dizemos, o maior momento na história moderna dos homens –– o Puritanismo Inglês, a Inglaterra e os seus Parlamentos, a vasta obra da América nestes dois séculos; a Revolução Francesa; a Europa e a sua obra por todas as partes no presente –– o germe de todos estes descansa ali. Tivesse Lutero agido de outra maneira naquele momento e tudo o mais seria de outra forma. (Thomas Carlyle, como citado em P. C. Croll, ed., Tributes to the Memory of Martin Luther [Philadelphia: G. W. Frederick, 1884], pp. 49-50).
8. O Exílio de Lutero no Castelo de Wartburg (1521-22) - Frederico “o Sábio”, o governador civil de Lutero, arranjou seu “seqüestro” durante a viagem de volta à Wittenberg. Ele foi levado para o Castelo Wartburg, em Turíngia [região sul da atual Alemanha], e permaneceu ali por dois anos. Durante este tempo foi proibida a leitura dos seus livros e uma recompensa pela sua captura foi anunciada. O próprio Lutero estava ativo, traduzindo o Novo Testamento para o Alemão.


C. O Desenvolvimento do Movimento Luterano

1. Radicalismo Protestante: Carlstadt, os Profetas Zwickaus, e Thomas Munzer - Enquanto no exílio em Wartburg, dois dos discípulos de Lutero foram deixados a cargo dos assuntos em Wittenburg: Philip Melancthon e Carlstadt, sendo que o último impôs a sua própria liderança. Thompson explica:
“Por volta do Natal de 1521, o berço da Reforma estava engolfado numa iconoclastia selvagem, sob a administração de Carlstadt. A Missa Católica foi destruída e refeita. Monges e freiras saíam dos conventos e se casavam. As igrejas e capelas monásticas foram cenas de profanação. No meio do tumulto, os Profetas de Zwickau chegaram; eram três profetas [Nicholas Storch, Thomas Drechsel, Marcus Thomae], assim chamados por terem sido expulsos recentemente da cidade de Zwickau. Eles eram entusiastas no sentido técnico da palavra; isto é, eles professavam ter recebido novas revelações de Deus, totalmente aparte da Bíblia, cuja relevância excedia àquelas da Bíblia. Eles então começaram a ridicularizar Martinho Lutero por sua dependência escrava às Escrituras. Eles insultavam: 'Bíblia, Babel, Bobo', zombando do interesse bíblico de Lutero” (Thompson, 405-06).
De acordo com Lindberg, os três homens “chegaram a Wittenberg logo após o Natal, reivindicando sonhos e visões divinamente inspirados de uma invasão turca, a eliminação de todos sacerdotes e o eminente fim do mundo. Eles mais adiante reivindicaram que as pessoas deveriam ser ensinadas somente pelo Espírito Santo, sem nenhuma conexão com Cristo e a Bíblia” (The European Reformations, 104). Munzer (1489-1525) também reivindicou revelação extra-bíblica de uma forma que minava a autoridade da Escritura. De acordo com Munzer, a verdadeira e viva palavra de Deus deve ser ouvida diretamente da boca de Deus, e não indiretamente de algum livro, nem mesmo da Bíblia. Ele apelou para uma Palavra Interior para justificar a crença de que os últimos dias estavam às portas e que a igreja deveria levantar as armas, tanto contra as autoridades civis como contra o papado medieval. Lutero, disse ele, “não sabe nada sobre Deus, embora ele possa ter engolido cem bíblias”. Ao que Lutero replicou: “Eu não teria escutado Thomas Munzer, mesmo que ele tivesse engolido o Espírito Santo, as penas e tudo mais!”. Lindberg identifica a principal diferença teológica entre os dois. Na teologia de Munzer,
“A sola scriptura é deslocada pela sola experientia. A fé escriturística é uma fé morte que adora um Deus mudo. O Deus que fala é o Deus que é experimentado diretamente no coração. Numa carta enviada a Melancthon, datada de 29 de Março de 1522, Munzer escreveu: 'O que eu desaprovo é isto: que é um Deus mudo que vocês adoram....Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus; note que ela sai da boca de Deus, e não de livros” (151).
2. A quebra de Lutero com Erasmo e os Humanistas - Sobre o Cativeiro da Vontade (De Servo Arbitrio).
3. Lutero e a Guerra dos Camponeses (1523-25) - Camponeses decepcionados e privados dos direitos de cidadania apelaram à ênfase de Lutero sobre a liberdade do cristão para justificar uma revolta armada. Lutero se opôs a rebelião deles, mas mesmo assim, no final das contas, mais de 100.00 morreram na batalha. Thomas Munzer se uniu com uns 7.000 camponeses em Frankenhausen, dos quais mais de 6.000 foram exterminados. Munzer fugiu, mas foi mais tarde captuado, torturado, executado e teve sua cabeça empalaad, como uma advertência para todos ver.
4. O Casamento de Lutero (1525) - Katherine von Bora (1499-1552) escapou de um monastério com várias outras freiras em Abril de 1523. Ela e Lutero casaram em 13 de Junho de 1525.
5. A Primeira Dieta de Speier (1526) - O princípio: cuius regio, eius religio, que traduzido livremente significa que o príncipe que governa o território determina a religião dentro dele (literalmente, De quem é a região, sua é a religião).
6. A Segunda Dieta de Speier (1529) - Esta foi um cancelamento dos ganhos feitos em 1526 na Primeira Dieta. A Igreja Católica Romana foi a única declarada legal e todos os esforços para uma reforma posterior foram condenados com a dor da excomunhão e até mesmo da morte. Os membros luteranos da Dieta emitiram um Protesto (23 de Abril de 1529; por conseguinte, o nome Protestante) contra todas aquelas medidas, que eram contrárias tanto às Escritura como às decisões da Dieta de 1526.
7. Lutero, Zuínglio, e o Colóquio de Marburgo (1529) - Mais sobre isto é encontrado no meu artigo sobre Zuínglio. Aqui, simplesmente observaremos que Lutero e Zuínglio concordaram em 14 dos 15 assuntos teológicos. O único ponto divisor foi a natureza da “presença” de Cristo nos elementos da Ceia do Senhor. Sua falha em concordar impediu a unificação religiosa entre Alemanha e Suíça, tão desejada por Filipe de Hesse.
8. A Dieta de Augsburgo e a Confissão de Augsburgo (1530)
9. A Liga de Schmalkaldic (1531)
10. As Guerras de Schmalkaldic (1546-52)
11. A Paz de Augsburgo (1555)

Dr. David Martyn Lloyd-Jones


Dr. David Martyn Lloyd-Jones
por
Jornal Os Puritanos

Nascido em Cardiff, Gales do Sul, em 20 de dezembro de 1899, Martyn Lloyd-Jones gastou a maior parte da sua infância na rural Cardingshire, em Llangeitho. Em 1914 sua família se mudou para Londres e ele concluiu sua educação escolar na Escola de Gramática de St. Marylebone. Ingressou no Hospital de Bart com a idade de somente 16 anos. Ele foi bem sucedido em seus exames, mas, por ser tão jovem, teve que esperar para conseguir seu Mestrado (MD). Nessa ocasião, já estava no Harley Street como principal assistente clínico de Sir Thomas Horder, um dos melhores e mais famosos doutores da sua época. Ele vislumbrava um futuro brilhante e lucrativo como um destacado médico. Então, algo aconteceu.
Lentamente, depois de uma profunda luta, sua mente e seu coração foram tomados pelo evangelho cristão. Ele compreendeu que muitos dos seus pacientes precisavam algo mais do que medicina comum e ele se entregou ao ministério cristão. Sua chegada em Aberavon com sua jovem noiva (Bethan Philips) em fevereiro de 1927 causou uma sensação e atraiu a atenção da imprensa.
Ele serviu à Igreja do Movimento Avançado Belém, em Sandfields, Abevaron, até janeiro de 1938, e viu um crescente número entre a classe trabalhadora do Sul de Gales convertido e transformado.
O evangélico com, talvez, o maior destaque nacional nos anos trinta era G. Campbell Morgan, ministro da Capela de Westminster. Quando ouviu Martyn Lloyd-Jones, ele quis tê-lo como colega e sucessor em 1938. Mas isso não era fácil, pois também havia uma proposta de que ele fosse indicado como Diretor da Faculdade Teológica em Bala; e o clamor do País de Gales e do treinamento de uma nova geração de ministros para o País de Gales era forte. Enfim, o chamado da Capela de Westminster prevaleceu e a família Lloyd-Jones foi para Londres em abril de 1939. Ele começou seu ministério lá, em caráter temporário, em setembro de 1938 — o mês da crise de Munique.
Na sua abordagem para o trabalho do púlpito, o Dr. LLoyd-Jones seguiu um método muito claro e distinto. Ele cria em se trabalhar firmemente através de um livro da Bíblia, tomando um verso ou uma parte de um verso por vez, mostrando o que ele ensinava, como aquilo se harmonizava com o ensino do assunto em outros partes da Bíblia, como o ensino todo era relevante para os problemas da nossa época e como o ensino todo se contrastava com os pontos de vista contemporâneos vigentes.
Ele se conservava retraído, como pano de fundo, e tentava mostrar para sua congregação a mente e a palavra de Deus, deixando que a mensagem da Bíblia falasse por si mesma. Sua pregação expositiva tinha como objetivo deixar que Deus falasse o mais diretamente possível ao homem que estava no banco para que ele sentisse o pleno peso da autoridade divina. Ele também procurava minimizar a intervenção do pregador e a diluição da mensagem direta e autoritativa pela intrusão e distração humana.
Seu estilo consistia de uma habilidosa diagnose clínica, analisando a perspectiva mundana, mostrando sua futilidade ao tratar do poder e da persistência do mal, e contrastando-a com a perspectiva cristã, sua lógica, seu realismo e seu poder. Ele tinha a habilidade de vestir sua análise clínica com uma linguagem viva e convincente, de tal maneira que ela ficava grudada na mente. Ele poderia falar duramente sobre as tolices do mundo e dar uma visão contrastante da sabedoria e do poder de Deus de uma tal maneira que provocava uma forte reação por parte da sua audiência. As pessoas se retiravam determinadas a nunca mais voltar; contudo, apesar de si mesmas, elas voltavam para os bancos no domingo seguinte até que, incapazes de continuar resistindo à mensagem, elas se tornavam cristãs.
Depois da guerra, a sua congregação cresceu rapidamente. Em 1947, as galerias foram abertas e de 1948 até 1968, quando ele se aposentou, a congregação tinha uma freqüência média de talvez 1500 aos domingos pela manhã e 2000 à noite.
No começo da guerra o Dr. Lloyd-Jones tinha se tornado presidente das Uniões Evangélicas de Comunhão Universitária e estava profundamente envolvido em aconselhar e guiar seu fundador e secretário geral, Dr. Douglas Johnson se reuniram com os líderes dos movimentos em outros países e formaram a Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos (aqui no Brasil conhecida como ABU - N. do T.).
Tanto os movimentos britânicos como internacional têm crescido grandemente e ambos devem uma boa parte ao Doutor, por sua influência formativa e por seu serviço por diversos períodos. Ele os encorajava a somar à sua piedade e evangelismo uma sólida estrutura de ensino doutrinário sadio.
O Doutor se tornou amigo e conselheiro de muitos. Na sua própria amada Gales, depois da guerra, ele encorajou um corpo de jovens ministros e seus trabalhos levaram ao surgimento do “Movimento Evangélico de Gales”. A “Comunhão de Westminster” de ministros era muito querida ao seu coração, como também era o trabalho do Concílio Evangélico Britânico, a Biblioteca Evangélica (na qual ele serviu como presidente), e a “Conferência de Westminster”. Ele também foi instrumento no estabelecimento do Seminário Teológico de Londres.
Logo no início de 1968, aos 68 anos, Dr. Lloyd-Jones se submeteu a uma operação e, apesar de ter se recuperado completamente, ele decidiu que o tempo de se aposentar tinha chegado, depois de 30 anos de Westminster.
O resultado mais duradouro dos seus anos restantes foi o tempo que ele teve para verter seus sermões na forma de livros. Ele já tinha publicado alguns pequenos livros tais como Por que Deus Permite a Guerra? e Depressão Espiritual. O primeiro dos livros maiores foram os dois volumes dos Estudos no Sermão do Monte. Depois de 1968 ele começou a publicar duas séries, em Efésios e em Romanos, produzindo um ou dois livros por ano, principalmente através da Banner of Truth Trust. Em 1979 a enfermidade voltou e ele teve de cancelar todos os compromissos até a primavera de 1980. Seu último sermão foi pregado em 08 de junho de 1980, na inauguração da nova capela em Barcombe, East Sussex. Ele morreu na madrugada de domingo de 01 de março de 1981, tendo dito para a sua família: “Não orem por cura, não tentem me impedir de ir para a glória”. 1.000 pessoas foram ao culto fúnebre em Newcastle Emlyn, em 06 de março. Um culto de ação de graças igualmente comovente e triunfante foi ministrado na capela de Westminster, em 06 de abril. Sua voz ainda fala poderosamente nos seus muitos livros expositivos e nas gravações agora acessíveis dos muitos dos seus principais sermões.

William Hendriksen (1900-1982)


William Hendriksen: Gigante do Novo Testamento
por
Editora Cultura Cristã

Uma palavra comemorativa sobre William Hendriksen com o objetivo de prestar reconhecimento aos seus prodigiosos escritos e profundo compromisso cristão é uma resposta natural de um editor agradecido. É especialmente apropriado, no entanto, que estes comentários apareceram numa edição de Mais do que Vencedores.
O editor Herman Baker apresentou ao autor a primeira edição de Mais do que Vencedores em julho de 1939. O livro tem estado à venda desde então e encontra-se agora em sua 25ª edição. Sua longa vida faz paralelo à prolífera carreira de escritor de William Hendriksen.
Quarenta e dois anos mais tarde, William Hendriksen, com 81 anos de idade, escrevia ainda tão intensa e produtivamente como sempre — até pouco antes de sua morte em janeiro de 1982. Ele estava progredindo bem com sua próxima obra, um comentário sobre 1 Coríntios, havendo já concluído a introdução e o primeiro capítulo.
A vibração das palavras “Mais do que Vencedores” refletia a firme posse, por parte de William Hendriksen, de uma fé bíblica triunfante. A versão plena da vitória do apóstolo grita em Romanos 8 — “...somos mais do que vencedores, por meio daquele que nos amou” — fazendo eco aos esforços tenazes de William Hendriksen para interpretar a Palavra de Deus com clareza, riqueza e compreensibilidade. Por ocasião de sua morte é adequado ver uma edição de Mais do que Vencedores como um ponto central de um tributo floral colocado sobre seu esquife.
A extensa distribuição de Mais do que Vencedores é evidência do alto e consistente respeito prestado a William Hendriksen como eminente e confiável acadêmico do Novo Testamento. O Dr. Hendriksen ganhou a maior parte de sua proeminência em razão de seus comentários. Ele iniciou a série Comentário do Novo Testamento em 1952, com o primeiro volume sobre o Evangelho de João e só bem mais tarde (1981) completou o Livro de Romanos. À medida que cada volume era publicado, os acadêmicos o endossavam com entusiasmo. Algumas declarações típicas feitas em resenhas foram:
Os volumes do C.N.T. (Comentários do Novo Testamento) são empolgantes pelo seu estilo, linguagem e exposição.
...estilo conciso, linguagem clara e exposição conservadora.
...demonstram sua infatigável energia, sua erudição perspicaz e seu ardente desejo pelo entendimento apropriado da revelação bíblica da soberana graça de Deus em Jesus Cristo como entendida pela tradição reformada.
Outra característica notável dos comentários de Hendriksen é que ele tem o cuidado de estudar completamente os diferentes pontos de vista antes de tirar sua conclusão.
...exegese cuidadosa...
...reflete familiaridade com a gramática e a sintaxe...
...consciência da literatura acadêmica...
...comentários exegéticos maduros.
O domínio das línguas que o Dr. Hendriksen possuía era o maior fator de sua incisiva exposição. Era fluente em hebraico assim como em grego (o que é raro entre os estudiosos do Novo Testamento) e podia ler em vinte idiomas. Aprendeu o espanhol depois de aposentar-se do pastorado. Suas próprias traduções do grego aparecem em cada um dos seus comentários, e sua familiaridade com as literaturas teológicas alemã e holandesa adiciona fôlego às suas exposições.
Sua competência lingüística foi o que o levou a envolver-se como consultor e tradutor na preparação da New International Version da Bíblia. Durante as sessões editoriais da NIV, o Dr. Hendriksen se tornou amigo próximo do Dr. Edwin H. Palmer, cuja grande admiração pelo Dr. Hendriksen foi publicada num número de The Banner, em 1976, a revista da Christian Reformed Church, denominação a que o Dr. Hendriksen servia. O Dr. Palmer parece ter por certo que o Dr. William Hendriksen seria um honrado profeta “na sua própria terra”. O tributo intitulado “New Testament Giant” [Gigante do Novo Testamento] começa:
Enquanto o Dr. William Hendriksen está ainda vigoroso e disposto, quero chamar a atenção dos leitores de The Banner para esse gigante do Novo Testamento... A primeira coisa que me vem à mente quando penso no Dr. Hendriksen são os seus comentários do Novo Testamento. Não conheço comentários mais precisos em língua inglesa. São tão excelentes que cada Igreja deveria comprar uma coleção completa para seu pastor, se ele já não tiver uma.
O Dr. Palmer continuou, resumindo as características dos comentários e afirmando que eles:
assumem que a Bíblia é a Palavra inerrante e totalmente autorizada de Deus
pressupõem a fé reformada
têm conteúdo sem ser pedante
são bem-organizados
exibem uma salutar piedade emocional
Os comentários de versículo por versículo a tal compasso firme, alguns dos quais ocupando mais de mil páginas, revelam a motivação da vontade e a autodisciplina do Dr. Hendriksen.
Essas características emergem em parte da estrutura de sua família de origem. A tendência perfeccionista de William teve como modelo o seu pai, que era carpinteiro por profissão (e um excelente), mas que também apresentava uma natureza criativa como entalhador. William Hendriksen lembrava-se de seu pai produzindo belas gravuras entalhadas: “trabalhava nelas por semanas, mesmo por meses. Quando estavam terminadas, ele as doava a alguém”. Até onde ele sabia, seu pai jamais havia aceitado pagamento por qualquer delas.
A inclinação de William pelo trabalho duro também veio por influência do meio. Descendente de resistentes imigrantes, como 10 anos de idade ele veio com sua família, da Holanda, para se estabelecer em Kalamazoo, Michigan. Os sonhos de prosperidade da família, pelo fresco reinício na América, foi ilusório — a família era grande (William era o mais novo de oito irmãos) e o país foi tomado pela depressão econômica. Esperava-se dos filhos mais velhos que trabalhassem pela sobrevivência econômica da família. O sustento provido pelo pai de William era tão precariamente pequeno que, às vezes, o mestre carpinteiro não tinha outro recurso senão aplicar suas habilidades no conserto de itens como relógios e máquinas de costura.
William teve sua participação para ajudar no sustento da família. Depois de aprovado no oitavo ano escolar, ele freqüentou por breve período uma nova escola de segundo grau, que foi fechada alguns meses depois que as aulas se iniciaram, no verão. William foi trabalhar, encontrando empregos onde fosse possível. Começou como mascate, e, depois, numa companhia de impressão em folhas de ouro, numa loja de consertos de radiadores, numa loja de mantimentos, como gerente, e numa fábrica de artigos de papelaria.
O desejo de se tornar um ministro do evangelho veio cedo para William — mesmo antes de sua família ter emigrado da Holanda. Por toda a vida, o Dr. Hendriksen acreditou que, quando ainda tinha 5 ou 6 anos, havia plantado no seu coração a decisão de se tornar um ministro.
A História do amor de Deus pelos pecadores, e da cruz de Cristo, contada por excelentes professores de escola dominical, e, é claro, por meus pais, impressionaram-me profundamente. Eu queria que todos soubessem disso. Eu amava nosso ministro. Assim, eu era plenamente sincero no desejo de me tornar um pregador.
A intensidade desses sentimentos pelo ministério jamais se apagou do coração de William. Seu pai, entretanto, não encorajou os sonhos de seu filho caçula. Isso é de surpreender, pois ambos, sua mãe (que morreu quando William tinha 16 anos) e seu pai, ensinaram seus filhos a amar o evangelho. Sobretudo, a vida de seus pais era exemplo de amoroso serviço assim como criam numa doutrina cristã correta. O lar era hospitaleiro, e de modo muito pessoal, seus pais freqüentemente ajudavam pessoas em suas necessidades. Quando adolescente, William manteve esta conversa com seu pai:
“Eu ainda planejo estudar para o ministério”. A resposta de seu pai foi curta e incisiva: “Daar kamp toch niks van” [Nada surgirá disso].
Não obstante, William perseguiu seu alvo de preparar-se para o ministério. Trabalhando durante o dia, à noite ele estudava, inscrito num curso por correspondência, o Carnegie College, que cobria os dois primeiros anos do segundo grau. William completou o curso em apenas nove meses. Com 18 anos, ele aceitou uma indicação para ensinar, por um semestre, para alunas do quarto ano de uma escola de Roseland, Chicago. Em janeiro, ele iniciou seu segundo período como professor — uma classe de oitavo ano numa escola próxima a Hospers, Iowa. Continuou sua educação por correspondência (numa escola aprovada pelo estado) a fim de qualificar-se para uma certificação permanente no ensino. Dessa fase da educação do jovem Hendriksen, o Dr. Edwin Palmer relata que William estudava para esses cursos, no inverno,
...vestindo um sobretudo, num quarto alugado e sem aquecimento. Essa autodisciplina continuou até depois que se aposentou, quando mantinha uma agenda regular de trabalho, iniciando o dia às cinco horas da manhã.
Com a idade de 20 anos, William Hendriksen foi aceito pelo Calvin College, onde se deliciou com as áreas de Ciências — especialmente Química — juntamente com os cursos de bacharel em Artes, em Línguas e História. Um professor de Ciências da faculdade procurou seduzir William a aceitar a posição de seu assistente num curso de Química Orgânica, advertindo-o contra a carreira de ministro por causa da sua voz fraca. Ensinar na faculdade era tentador, mas William declinou da oferta e se matriculou no Calvin Seminary. Completado o treinamento no seminário, em 1927, William Hendriksen pastoreou grandes congregações em Michigan pelos dezesseis anos seguintes. Utilizou o tempo, também, para cursar programas de estudos avançados, recebendo o grau de mestre em teologia do Calvin Seminary e o de doutor pelo Princeton Seminary. Em 1943, ele se tornou professor de Novo Testamento no Calvin Theological Seminary, permanecendo nove anos nesse cargo. O Dr. Hendriksen, então, reassumiu o ministério pastoral, em que esteve até a sua aposentadoria, aos 65 anos de idade.
William Hendriksen foi casado por 35 anos com Rena Baker, falecida em 1960. Foram pais de três filhos. Em 1961 ele se casou de novo. Pelo resto de sua vida, ele e sua segunda esposa, Reta, trabalharam juntos no ministério de escrever os comentários.
Reta foi uma esposa amorosa e leal, e sua proficiência como assistente na datilografia e na editoração foi altamente valorizada pelo Dr. Hendriksen:
Pode-se bem imaginar o que essa qualificação significa para mim em meu trabalho como autor. Eu jamais teria completado metade do que fiz sem a constante ajuda de Reta... Capacidade, simpatia, calor humano e sabedoria — tudo isso se achava nela em muito alto grau.
William Hendriksen perseverou em seu caminho ativamente até os meses finais de sua vida, quando uma última cirurgia drenou muito de sua força. A. A. Koning concluiu sua homenagem com estas palavras:
Mesmo quando sua última enfermidade começou a tomar conta, ele recebeu um pedido, vindo da Inglaterra, para fazer palestras. Teve, porém, que recusar o convite, pois queria terminar seus escritos. Agora ele não está mais vendo obscuramente, como em espelho, mas vendo face a face.
Através dos diversos estágios de sua carreira — quer pastoreando, ensinando ou escrevendo —, William Hendriksen permaneceu, num sentido bem profundo, um educador. Parte do gênio de seu trabalho foi sua habilidade singular de revestir sua autoridade acadêmica de simplicidade e de calor tais que aclararam e inspiraram estudantes da Palavra de Deus, tanto avançados quanto iniciantes.

MELHOR COISA DO MUNDO PARA SE DESEJAR


MELHOR COISA DO MUNDO PARA SE DESEJAR


“Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se não me abençoares (...) Então disse:Já não te chamarás Jacó e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus ...”Gênesis 32.26, 28O


Jacó que partiu da casa de seus pais era bem diferente daquele que estava voltando com a sua família vinte anos mais tarde. O que partiu fez a seguinte proposta para Deus: se me abençoares, te servirei (Gn 28.20-22). Pensava numa relação de toma-lá-dá-cá com o Senhor.

O que voltou, lutou com Deus no vale do rio Jaboque para não mais viver sem a sua bênção, sabendo que nada poderia oferecer em troca dela.Por isso, teve o nome modificado de Jacó (o usurpador ou o enganador) para Israel, aquele que luta com Deus, porque desejava, acima de tudo, a sua bênção.Israel estava certo: não há nada mais importante do que caminhar debaixo da bênção divina.

Esta convicção decorre de que:

1) A ausência da bênção de Deus resulta em desperdícioNo livro de Eclesiastes, é dito que o rei Salomão resolveu fazer, sem consultar o Senhor, tudo o que desejava o seu coração: entregou-se à bebida para experimentar da sua alegria; fez as construções que intentou para o seu reino; teve os bens, os servos, as mulheres e os prazeres que desejou.

As conclusões que chegou, após considerar todas as coisas que havia feito, foram:

a) tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol (Ec 2.11);

b) tudo o que se tem ouvido a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos (Ec 12.13)Em outras palavras, afirmamos que viver sem a bênção divina é praticar a teologia do desperdício, ou seja, é desperdício de tempo, de forças, de sonhos e de vida.

2) A bênção divina traz privilégiosA bênção de Deus faz com que atinjamos os objetivos dele para a nossa vida. E os objetivos de Deus são sempre o melhor para nós.José foi para o Egito como escravo e ali esteve preso. Porém, a bênção do Senhor, que com ele estava, o conduziu ao governo daquele país, porque Deus tinha um propósito em sua vida: o de ser o sustentador de sua família.Desta maneira, não há privilégio maior do que saber que Deus nos conduz, mesmo em meio a tribulações, ao cumprimento da sua vontade quando caminhamos debaixo de sua bênção.

3) É necessário, porém, desejá-la para obtê-laComo Jacó, não podemos sair da presença de Deus até possuirmos a convicção de que dela somos beneficiados.Certa feita quis ajudar uma pessoa com dependência química levantando recursos para o pagamento do seu tratamento. Em meio à agitação para obter o que empreendia, minha esposa fez uma pergunta simples: “Ele deseja ser tratado e se curar?”Ponderei e reconheci que a vontade era mais minha do que dele. Desta forma, não haveria tratamento que desse resultado positivo. Com a bênção de Deus acontece o mesmo, é preciso desejá-la de todo o coração para obtê-la. Espero que seja essa a nossa realidade, porque não há coisa melhor no mundo para se desejar do que viver debaixo da bênção divina.Rev.

Ismael Rachid Júnior

UMA FAMÍLIA COMO A NOSSA


“... se tornou conhecida de Faraó a família de José.” Atos 7.13

A família de José foi apresentada a Faraó, rei do Egito.

Num primeiro momento, alguns podem pensar que, por se tratar de uma família da Bíblia, ela fosse perfeita.
Esta não era a realidade. Aliás, a Palavra do Senhor não mostra os seus personagens como pessoas sem defeito. Ao contrário, mostra como realmente são: pecadores.
Assim, a graça do Senhor, que alcança e transforma o ser humano para o louvor da sua glória, é sempre a sua ênfase.Desta maneira, a família de José, conhecida por Faraó, não era diferente da nossa e, como todas as famílias, possuía os seus conflitos de relacionamento.Conflitos, provavelmente, maiores do que os nossos, pois Jacó, o chefe da família, tinha predileção por José, o que causou ciúmes nos demais filhos. Movidos por esse sentimento, os irmãos venderam José como escravo para o Egito.Apesar dos grandes conflitos existentes, a família de José possuía algo que muitas não possuem: o temor de Deus. Percebemos isso porque os irmãos possuíam a consciência do seu pecado (Gn 42.21, 22) e José acreditava que Deus, em sua providência, permitira o seu sofrimento para sustentar a família no período da fome, pois ele se tornara o grande administrador do Egito (Gn 45.8; 50.20)

Foi justamente por causa desse temor que a família experimentou a restauração de seu relacionamento. Esta restauração ocorreu pela manifestação do perdão.

O perdão é fundamental no seio familiar já que é impossível não existirem conflitos dentro do lar.

Mas, ele será manifestado, em toda a sua plenitude, nas famílias em que houver o temor de Deus.

O perdão restaura os relacionamentos familiares. O apóstolo Paulo disse: “... sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou.” (Ef 4.32)

A convicção do perdão e do cuidado do Senhor, própria daqueles que têm o temor de Deus, fez José não somente perdoar os seus irmãos, mas, ainda, prometer cuidar deles (Gn 50.15-21).Que Deus nos ajude a seguir esse exemplo.


Rev. Ismael Rachid Junior

ALEGRIA INDIZÍVEL


ALEGRIA INDIZÍVEL



“[Jesus Cristo] a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível.”I Pedro 1.8


O apóstolo Pedro escreve a sua primeira carta para encorajar cristãos, que enfrentavam muitas lutas, a permanecerem firmes na fé em nosso Senhor Jesus Cristo.Ao contrário de algumas vozes que ouvimos por aí, é normal enfrentarmos muitas lutas na vida. Jesus disse que no mundo passaríamos por aflições (Jo 16.33).

O salmista disse que são muitas as aflições do justo (Sl 34.19). Em outro momento, Jesus disse que aquele que quisesse segui-lo deveria negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz (Mc 8.34).Desta forma, Pedro, na mesma linha de pensamento, declara aos crentes espalhados pela Ásia Menor que o sofrimento faz parte da experiência cristã.Mas, quando ficarmos muito ansiosos em razão dos sofrimentos, devemos nos lembrar de quatro coisas:

a) Deus tem o propósito de nos aperfeiçoar por meio do sofrimento (I Pe 5.10);

b) devemos entregar as nossas lutas ao Senhor por meio da oração (Fp 4.6, 7);

c) não podemos nos afastar do convívio com os irmãos, pois, assim, observaremos que eles também sofrem (I Pe 5.9);

d) precisamos nos envolver com o sofrimento alheio, pois isso nos ajudará a superar o nosso próprio.

Outra instrução de Pedro na carta, é que o nosso sofrimento não pode ser usado como desculpa para a prática do mal (I Pe 4.15, 16).

Isto significa que não existe desculpa para deixar de ser honesto porque todos roubam, de parar de estudar porque quem cola obtém média superior, de não ser fiel ao cônjuge porque ele(a) não corresponde ao seu anseio, etc..

Cristo foi maltratado sem jamais fazer o mal (I Pe 2.22, 23) e Deus se alegra quando, mesmo sofrendo, perseveramos na prática do bem.Para finalizar o seu ensino, Pedro afirma que a salvação em Cristo é uma experiência que supera todo sofrimento desta vida. A salvação gera uma alegria indizível (I Pedro 1.8), ou seja, que não conseguimos expressar com palavras.

Como explicar com palavras uma situação em que se está sofrendo, mas há paz no coração, segurança quanto ao cuidado de Deus e disposição para enfrentar e superar a dificuldade?Somente por meio de Jesus Cristo isso é possível.

Por isso, o apóstolo Paulo, na segunda carta aos coríntios, disse que sentia prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições e nas angústias, porque a alegria que experimentava em Jesus superava tudo isso (II Co 12.10).

Se você vive amargurado e não sente essa alegria precisa rever seus conceitos e se arrepender dos seus pecados para caminhar na senda da vida abundante e da alegria indizível somente proporcionada pela salvação de Cristo.


Rev. Ismael Rachid Junior

A LIBERDADE CRISTÃ



“Porque, vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém, não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.”Gálatas 5.13Esta passagem fala sobre a liberdade que nós, cristãos, desfrutamos.De modo preciso esta liberdade significa ser livre do domínio do pecado com todas as suas mazelas: medos, influências malignas e superstições.Quem conquista esta liberdade para nós é o Senhor Jesus Cristo, em quem, segundo o apóstolo Paulo, temos a redenção, a remissão dos pecados (Cl 1.14).Jesus, portanto, nos liberta do medo, especialmente o medo da morte (I Jo 4.18; Fp 1.21) e da influência de satanás (I Jo 5.18). Por meio de Jesus obtemos também a liberdade de consciência, o que significa que não nos submetemos aos pensamentos de pessoa alguma, a não ser que estejam em consonância com o ensino bíblico.A liberdade cristã não significa que podemos fazer tudo o que desejamos, sem limites. É o mesmo que ocorre na vida civil, onde há limites que precisam ser respeitados. Por exemplo, o homem deve agir de conformidade com as leis do Estado para que não seja penalizado devido à alguma infração cometida e perca, em caso extremo, a própria liberdade.Da mesma maneira, a liberdade em Cristo é limitada pelos deveres que temos com Deus. Conforme o texto acima propõe, esses deveres são:

a) não dar ocasião à carne: não podemos viver sem compromisso com o Senhor e com a sua vontade, vivendo no pecado e não nos importando com o crescimento espiritual. A liberdade cristã resulta numa vida transformada e que se transforma a cada dia para a glória de Deus (II Co 3.17, 18). A nossa vida precisa refletir essa realidade.

b) sermos servos uns dos outros, pelo amor: somos livres para amar e para servir o nosso próximo. A vida de alguém que não ama e não tem disposição para servir não desfruta da liberdade de Cristo. Está presa em seus próprios desejos egoístas e mundanos.

Se as características da liberdade cristã (vida nova que se transforma diariamente para a glória do Senhor e desejo profundo de amar e servir ao próximo) não estiverem presentes em sua vida, suplique ao Senhor que lhe conceda libertação do pecado por meio de Jesus.


Rev. Ismael Rachid Junior

O CAMINHO DO MAL


O CAMINHO DO MAL


“... levantou-se Davi do seu leito e andava passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa ...”II Samuel 11.2

Esta passagem é uma mancha na biografia do rei Davi, o homem segundo o coração de Deus.Nela encontramos Davi usufruindo do luxo e do conforto da casa real enquanto seus homens estavam na guerra contra os amonitas. Ocioso no terraço de seu palácio, o rei viu uma linda mulher tomando banho, investigou sobre sua vida, mandou trazê-la e deitou-se com ela.Ao ser informado que estava grávida, mandou chamar seu marido na batalha para passar uns dias com a mulher e o seu pecado ser encoberto.Esbarrou, porém, na integridade deste homem chamado Urias que não aceitou ir para casa enquanto seus companheiros corriam perigo.Desta maneira, inescrupulosamente, Davi escreveu uma carta para o capitão do exército de Israel ordenando que Urias fosse colocado na frente da batalha para ser atingido pelo inimigo. Isto foi feito e Urias morreu.Davi estava insensível ao mal praticado e achou que o problema estava resolvido. Mas, Deus, que tudo vê, foi ao seu encontro através do profeta Natã e confrontou o seu pecado (II Sm 12).Davi arrependeu-se e confessou seu erro ao Senhor (leia o salmo 51).A grande lição que aprendemos desta experiência do rei Davi é que somente a graça de Deus nos liberta do mal. Assim como o Senhor, por intermédio de Natã, foi ao encontro de Davi para apontar-lhe o pecado, o Espírito de Deus, que habita o crente, é que o convence do pecado, da justiça e do juízo de Deus (Jo 16.8), para que reconheça e confesse todo o mal existente em sua vida.Outra questão importante é a necessidade de evitar que o mal se instale em nossa vida. De que forma?


a) evitando a ociosidade: cuidado coma preguiça, com a indolência e com a falta de horários. Uma vida desorganizada, sem disciplina e, portanto, sem compromissos é oficina de satanás.


b) não desprezando a Palavra de Deus: é fundamental ler a Bíblia, de preferência diariamente, porque esta leitura nos humilha, nos leva a reconhecer e confessar os nossos pecados e, assim, nos livra da frieza espiritual.

c) lembrando das conseqüências do mal: Davi sofreu bastante por causa do seu pecado: a criança, fruto de seu adultério, morreu; seu filho Amnom estuprou a irmã Tamar; seu filho Absalão matou o irmão Amnom; Absalão tomou-lhe o trono; Absalão coabitou com suas mulheres em tendas montadas em lugar público; finalmente, Absalão foi morto pelo capitão do seu exército.

Ao avaliarmos este momento negativo na vida do servo do Senhor, a conclusão que chegamos é que não vale a pena enveredarmos pelo caminho do mal.

Rev.IsmaelRachid Júnior

EU E A MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR

Pastorais

EU E A MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR“... escolhei, hoje, a quem sirvais (...) Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.”Josué 24.15Deus estabelece etapas na vida do homem a fim de que, ao serem atingidas, estimule-o a parar e avaliar o que foi feito. Assim, o final de um ano determina o fim de uma etapa, um marco alcançado, que sugere avaliação e projeções para o novo ano que se inicia.Na época de Josué, uma etapa foi concluída após Deus ter dado repouso a Israel de todos os inimigos da terra de Canaã. Foi um período longo de lutas e conquistas que, após o seu término, exigiu uma parada para reflexão.Desta maneira, Josué reuniu o povo, juntamente com seus líderes, desafiando-os a tomar uma decisão: “... escolhei, hoje, a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (Js 24.15).Deus lhes dera triunfo sobre os inimigos e agora era o momento de reconhecerem isso, entregando a vida a ele e deixando de servir deuses estranhos. Josué deixou claro que o compromisso com o Senhor exigiria renúncia a prazeres transitórios e uma determinação para obedecer a sua lei acima de qualquer coisa. O povo e seus líderes responderam ao desafio de Josué declarando que serviriam a Deus e obedeceriam a sua voz (Js 24.24).Retornando aos nossos dias, ao se completar mais um ano, o questionamento de Josué ao povo de Israel deve ecoar em nossa mente: escolhei, hoje, a quem sirvais.É necessário parar para refletir acerca do relacionamento com o Senhor: se houve progresso durante o ano findo, o propósito é que o crescimento continue no próximo; se, ao contrário, houve retrocesso, a época é propícia ao arrependimento e à mudança de posicionamento.É igualmente salutar renovar a disposição de abandonar deuses estranhos, obedecer a voz de Deus e servi-lo com dedicação.Por isso, a minha mais profunda oração é que tenhamos a firmeza de caráter e a convicção de Josué para declarar que, juntamente com a nossa casa, serviremos ao Senhor em 2007.
Rev. Ismael Rachid Júnior