sexta-feira, 25 de julho de 2008

O Batismo dos Filhos dos Crentes


O Batismo dos Filhos dos Crentes


por


R.C. Sproul


Gênesis 17:1-14; Atos 2:38,39; Atos 16:25-34


Embora o batismo de crianças tenha sido uma prática importante no cristianismo histórico, sua validade tem sido solenemente desafiada por cristãos piedosos de várias denominações. A questão em torno do batismo de crianças baseia-se em vários aspectos. O Novo Testamento não ordena explicitamente que as crianças sejam batizadas, nem explicitamente proíbe que sejam batizadas. O debate se concentra em questões que geram em torno do significado do batismo e do grau de continuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.


A mais crucial objeção por parte daqueles que se opõem ao batismo de crianças é que o sacramento do batismo pertence aos membros da igreja, e que a igreja é uma companhia de crentes. Visto que as crianças são incapazes de exercer fé, não devem ser batizadas. Enfatiza-se também que dos batismos registrados no Novo Testamento não há nenhuma referência específica a crianças. Uma outra objeção é que a Antiga Aliança, embora não comunique a salvação por via biológica, pela linhagem de sangue, não obstante envolvia uma ênfase étnica à nação de Israel. A aliança era transmitida através dos laços familiares e nacionais. No Novo Testamento a aliança tornou-se mais abrangente, admitindo os gentios na comunidade da fé. Este sinal de descontinuidade estabelece uma diferença entre a circuncisão e o batismo.


Por outro lado, aqueles que são favoráveis ao batismo de crianças enfatizam seu paralelo com a circuncisão. Embora o batismo e a circuncisão não sejam idênticos, têm pontos cruciais em comum. Ambos são sinais da aliança e ambos são sinais da fé. No caso de Abraão, ele abraçou a fé depois de adulto e fez uma profissão de fé antes de ser circuncidado. Ele tinha fé antes de receber o sinal desta fé. Seu filho Isaque, por outro lado, recebeu o sinal da fé antes que tivesse a fé que o sinal simbolizava (como foi o caso de todos os outros filhos da aliança).


O ponto crucial é que no Antigo Testamento Deus ordenou que o sinal da fé fosse dado antes que a fé estivesse presente. Visto que esse era claramente o caso, seria um equívoco argumentar em princípio que é errado administrar um sinal de fé antes que a fé esteja presente.
É também importante observar que os relatos de batismos no Novo Testamento foram de adultos que anteriormente eram incrédulos. Pertenciam à primeira geração de cristãos. Além disso, sempre tem sido a regra que convertidos adultos (que não eram filhos de crentes em sua infância) devem primeiro fazer a profissão de fé antes de receberem o batismo, o qual é o sinal de sua fé.
Certa de um quarto dos batismos mencionados no Novo Testamento indica que famílias inteiras foram batizadas. Isso sugere fortemente, embora não o prove, que as crianças eram incluídas entre os que eram batizados. Visto que o Novo Testamento não exclui explicitamente as crianças do sinal da aliança (e foram incluídas por milhares de anos enquanto o sinal da aliança era a circuncisão), naturalmente podemos presumir que na igreja primitiva as crianças deviam receber o sinal da aliança.
A história testemunha a favor dessa suposição. A primeira menção direta ao batismo de criança aconteceu por volta da metade do segundo século. O que é digno de nota nessa referência é que ela pressupõe que o batismo de crianças era uma prática universal da igreja. Se o batismo de crianças não fosse uma prática na igreja do primeiro século, como e por que este afastamento da ortodoxia aconteceu tão rápido e de forma tão prevalecente? Não só a difusão foi rápida e universal, como também a literatura remanescente daquela época não reflete qualquer controvérsia concernente a esta questão.


Em geral, a Nova Aliança é mais inclusiva do que a Antiga Aliança. Aqueles que contestam a validade do batismo de crianças estão tornando a Nova Aliança menos inclusiva com relação às crianças, a despeito da ausência de qualquer proibição bíblica contra o batismo de crianças.


Sumário


1. O Novo Testamento não ordena nem proíbe explicitamente o batismo de crianças.


2. Os defensores do batismo de filhos de crentes apontam para a continuidade entre a circuncisão e o batismo como sinais da fé.


3. A maioria dos batismos registrados no Novo Testamento era de adultos convertidos, da primeira geração de cristãos, os quais, é claro, não poderiam ter sido batizados quando crianças.


4. O registro dos batismos no Novo Testamento inclui batismo de "famílias", as quais provavelmente incluíam as crianças.


5. A história da igreja testifica quanto à prática universal, sem controvérsias, do batismo de filhos de crentes no segundo século.

Um comentário:

Unknown disse...

as crianças são capazes de exercer fé!